Contratar será mais difícil
Por Jack Welch
Revista EXAME
Que tipo de mudança as empresas vão encarar depois que a recessão acabar?(Joseph Vasquez, Austin, Texas)
Acreditamos que a recessão americana acabe em algum momento de 2010 -- infelizmente é difícil ser mais preciso do que isso. Por um lado, há fortes indícios de que a economia não está piorando e, conforme muitos já observaram, é possível ver alguns poucos sinais positivos aqui e ali em meio aos escombros da crise econômica. Por outro lado, déficits ameaçadores e ações propostas pelo governo nos deixam um pouco desanimados quanto à extensão e ao ritmo da recuperação. Apesar de tantas indefinições, de uma coisa temos certeza: depois que a economia entrar nos eixos, as contratações nas grandes empresas acontecerão de forma completamente diferente. Será um jogo novo -- e mais complexo.
A recessão atual abalou as pessoas. O chão se abriu muito depressa e levou de roldão muita gente. Não houve praticamente empresa que ficasse imune, multiplicando as demissões por toda parte. Um ano atrás, ter um emprego em uma indústria qualquer era sinônimo de esperança e de bons retornos. Agora, estar empregado tornou-se uma experiência assustadora. Ninguém sabe que más notícias estarão à sua espera ao chegar pela manhã ao trabalho.
Por causa disso, muita gente não quer mais ser assalariada. Todos querem trabalhar por conta própria ou para alguém que conheçam e em quem confiem. Uma especialista de marketing de Chicago nos disse recentemente: "Meu marido foi despedido. Meu horário de trabalho foi cortado pela metade. Na hora em que sentirmos que estamos novamente em terra firme, vamos abrir nossa própria empresa. Não permitiremos jamais tamanha vulnerabilidade outra vez".
O caso dela não é único. De costa a costa, um turbilhão de emoções varre os Estados Unidos -- basta ver as centenas de mensagens que são enviadas a nosso site e ao Twitter. As pessoas dizem que ser empregado de alguém é estar sujeito aos caprichos desse indivíduo. E que isso não é nada bom. No fim das contas, esse fenômeno pode ter um impacto devastador. Quando a economia se recuperar, muitas empresas terão de lidar, pela primeira vez, com um conjunto de candidatos pouco animados com a perspectiva de ser funcionários delas.
Felizmente, as empresas estão começando a se preparar para essa nova dinâmica de contratação. Tudo o que têm a fazer é parar de agir como se fossem grandes empresas, imersas na burocracia e na impessoalidade. Em vez disso, é preciso dar lugar a uma atmosfera vibrante e cheia de energia. Trabalhar em pequenas empresas e em empreendimentos de risco tem sua vantagem, e caberá às grandes corporações reproduzir esse clima. As equipes terão de ser menores, as empresas mais horizontais e valores como honestidade, informalidade e inovação deverão ser incorporados como elementos naturais da cultura empresarial.
Os empregados deverão perceber que sua opinião tem peso, pouco importa seu nível hierárquico ou título. As empresas terão de compreender principalmente que, quando a recuperação chegar, muitos funcionários brilhantes não vão mais esperar que alguém lhes dê sinal verde para tomar decisões. Eles também não vão esperar muito para ser promovidos por seu bom desempenho. Abrir um negócio próprio será uma alternativa muito mais atraente.
Não estamos dizendo que grandes empresas não tenham tido concorrência nesse sentido anteriormente. Nos prósperos anos 90, antes do estouro da bolha de tecnologia, um número sem precedentes de MBAs foi para o Vale do Silício. Indústrias novas e promissoras sempre atraem bons profissionais. Contudo, a dinâmica que está por vir não será uma tendência de curto prazo. A atual recessão deixou marcas profundas na mente dos trabalhadores. As recessões anteriores pareciam vir mais devagar, com demissões mais a longo prazo. Elas também não levavam as pessoas a culpar as empresas, principalmente as grandes, pelo que estava acontecendo.
Alguma coisa de muito importante mudou, e essa mudança vai ficar evidente na forma como as pessoas vão escolher seu próximo emprego.
Isso é ruim? Na verdade, talvez seja exatamente o contrário. Nossa economia só terá a ganhar se um número maior de pessoas optar pelo empreendedorismo. Se os impostos sobre os ganhos de capital que estão sendo propostos não os penalizarem, os empreendedores serão uma fonte de criação de empregos. As grandes empresas só se tornarão melhores se encamparem aspectos que sejam atraentes aos empregados de espírito empreendedor. Na economia do futuro, velocidade, flexibilidade e inovação serão fatores mais decisivos do que nunca.
Voltamos a frisar que não sabemos exatamente quando esta recessão terrível vai terminar. Tudo o que sabemos é que ela vai chegar ao fim em determinado momento, que marcará então o início de uma era de novos e valentes empregados. Somente empresas novas e ousadas serão capazes de atraí-los de volta.
Que tipo de mudança as empresas vão encarar depois que a recessão acabar?(Joseph Vasquez, Austin, Texas)
Acreditamos que a recessão americana acabe em algum momento de 2010 -- infelizmente é difícil ser mais preciso do que isso. Por um lado, há fortes indícios de que a economia não está piorando e, conforme muitos já observaram, é possível ver alguns poucos sinais positivos aqui e ali em meio aos escombros da crise econômica. Por outro lado, déficits ameaçadores e ações propostas pelo governo nos deixam um pouco desanimados quanto à extensão e ao ritmo da recuperação. Apesar de tantas indefinições, de uma coisa temos certeza: depois que a economia entrar nos eixos, as contratações nas grandes empresas acontecerão de forma completamente diferente. Será um jogo novo -- e mais complexo.
A recessão atual abalou as pessoas. O chão se abriu muito depressa e levou de roldão muita gente. Não houve praticamente empresa que ficasse imune, multiplicando as demissões por toda parte. Um ano atrás, ter um emprego em uma indústria qualquer era sinônimo de esperança e de bons retornos. Agora, estar empregado tornou-se uma experiência assustadora. Ninguém sabe que más notícias estarão à sua espera ao chegar pela manhã ao trabalho.
Por causa disso, muita gente não quer mais ser assalariada. Todos querem trabalhar por conta própria ou para alguém que conheçam e em quem confiem. Uma especialista de marketing de Chicago nos disse recentemente: "Meu marido foi despedido. Meu horário de trabalho foi cortado pela metade. Na hora em que sentirmos que estamos novamente em terra firme, vamos abrir nossa própria empresa. Não permitiremos jamais tamanha vulnerabilidade outra vez".
O caso dela não é único. De costa a costa, um turbilhão de emoções varre os Estados Unidos -- basta ver as centenas de mensagens que são enviadas a nosso site e ao Twitter. As pessoas dizem que ser empregado de alguém é estar sujeito aos caprichos desse indivíduo. E que isso não é nada bom. No fim das contas, esse fenômeno pode ter um impacto devastador. Quando a economia se recuperar, muitas empresas terão de lidar, pela primeira vez, com um conjunto de candidatos pouco animados com a perspectiva de ser funcionários delas.
Felizmente, as empresas estão começando a se preparar para essa nova dinâmica de contratação. Tudo o que têm a fazer é parar de agir como se fossem grandes empresas, imersas na burocracia e na impessoalidade. Em vez disso, é preciso dar lugar a uma atmosfera vibrante e cheia de energia. Trabalhar em pequenas empresas e em empreendimentos de risco tem sua vantagem, e caberá às grandes corporações reproduzir esse clima. As equipes terão de ser menores, as empresas mais horizontais e valores como honestidade, informalidade e inovação deverão ser incorporados como elementos naturais da cultura empresarial.
Os empregados deverão perceber que sua opinião tem peso, pouco importa seu nível hierárquico ou título. As empresas terão de compreender principalmente que, quando a recuperação chegar, muitos funcionários brilhantes não vão mais esperar que alguém lhes dê sinal verde para tomar decisões. Eles também não vão esperar muito para ser promovidos por seu bom desempenho. Abrir um negócio próprio será uma alternativa muito mais atraente.
Não estamos dizendo que grandes empresas não tenham tido concorrência nesse sentido anteriormente. Nos prósperos anos 90, antes do estouro da bolha de tecnologia, um número sem precedentes de MBAs foi para o Vale do Silício. Indústrias novas e promissoras sempre atraem bons profissionais. Contudo, a dinâmica que está por vir não será uma tendência de curto prazo. A atual recessão deixou marcas profundas na mente dos trabalhadores. As recessões anteriores pareciam vir mais devagar, com demissões mais a longo prazo. Elas também não levavam as pessoas a culpar as empresas, principalmente as grandes, pelo que estava acontecendo.
Alguma coisa de muito importante mudou, e essa mudança vai ficar evidente na forma como as pessoas vão escolher seu próximo emprego.
Isso é ruim? Na verdade, talvez seja exatamente o contrário. Nossa economia só terá a ganhar se um número maior de pessoas optar pelo empreendedorismo. Se os impostos sobre os ganhos de capital que estão sendo propostos não os penalizarem, os empreendedores serão uma fonte de criação de empregos. As grandes empresas só se tornarão melhores se encamparem aspectos que sejam atraentes aos empregados de espírito empreendedor. Na economia do futuro, velocidade, flexibilidade e inovação serão fatores mais decisivos do que nunca.
Voltamos a frisar que não sabemos exatamente quando esta recessão terrível vai terminar. Tudo o que sabemos é que ela vai chegar ao fim em determinado momento, que marcará então o início de uma era de novos e valentes empregados. Somente empresas novas e ousadas serão capazes de atraí-los de volta.
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