Tendências e Consolidações do Varejo Mundial
Adir Ribeiro
Evento de grande destaque no varejo mundial, a NRF (National Retail Federation) ocorre uma vez por ano nos EUA, em Nova York, e em janeiro aconteceu a 99ª edição. Os principais pontos assimilados durante todos os dias do evento, juntamente com a visita à feira, que ocorre no mesmo período, e também a algumas lojas importantes do varejo americano, foram, de maneira resumida, as seguintes:
Cenário Brasil x EUA – Brasil despontando como uma das poucas economias mundiais em crescimento, tendo passado pela crise de forma destacada e ampliando de maneira significativa a população com acesso ao consumo de massa e reduzindo índices de pobreza, além da solidez de suas instituições financeiras. Os EUA ainda se ressentem da crise e aos poucos vão retomando a confiança do consumidor, com acesso ao crédito e ampliação do consumo.
Tecnologia x Simplicidade – Não se viram tantas soluções complexas e de investimento com retorno questionável, mas sim a aplicabilidade imediata do básico e necessário. Foco na execução cada vez mais se torna imperativo no mundo das ideias e da informação em excesso.
Redes Sociais – Quase a totalidade das redes varejistas do mundo está apostando suas fichas no uso das mídias sociais (Facebook, Twitter, LinkedIn e outras) como forma de se aproximar de seus consumidores e, mais do que isso, precisam de fato passar a monitorar o que está sendo “dito” e publicado sobre suas marcas. Diversas apresentações ressaltaram o poder de destruição que esse tipo de comentário pode causar para sua marca e negócios, sendo essa a razão principal de se monitorar efetivamente o processo.
Centralização no consumidor – A integração dos canais de vendas é um exemplo de como as empresas deveriam colocar o consumidor no centro de toda a estratégia de acesso aos mercados. Hoje, com a disseminação das mídias eletrônicas o cliente ganhou um poder incomparável, já que quase todas as informações estão a poucos cliques.
Geração Y – Força para esse segmento da população (nascidos a partir de 1976), que são cerca de 85 milhões de pessoas nos EUA, sendo que 50% desse público já é adulto e enviam aproximadamente 2.000 SMSs por mês de seus dispositivos móveis. Um termo bastante interessante usado por essa geração e que demonstra a amplitude dessa questão – IWWIWWIWI – I want what I want when I want it (algo como eu quero o que quero onde eu quero). O uso de tecnologia para esse público é uma forma de integração ao mundo e cerca de 61% dos consumidores dessa geração (segundo as pesquisadoras Jayne O´Donnel e Kit Yarrow, autoras do Livro GEN BUY – How Tweens, Teens and Twenty-Somethings are Revolutionizing Retail) compartilham pelas mídias sociais as marcas de suas preferências e as não admiradas.
Capacitação das Pessoas – O palestrante Paco Underhill citou que as empresas varejistas têm que tratar bem de seus “soldados” do varejo, pois de fato são eles que entregam a parte principal da promessa da marca e que são responsáveis pela geração de boa parte dos resultados no ponto de venda ou nos pontos de relacionamento com os consumidores.
Racionalização do Mix de produtos – A ditadura da opção deve diminuir em função da necessidade de redução dos custos com o sortimento de produtos à disposição dos clientes e como forma de se ampliar a simplicidade ao entender as necessidades básicas do mercado e dos consumidores, ampliando o foco da empresa na sua proposta de negócios e se adequar de maneira estratégica e operacional.
Gestão dos Negócios – Duas grandes redes varejistas mundiais, como a Tesco e o Grupo Kingfisher , tiveram o foco das suas apresentações na gestão de maneira efetiva e simples, desde a necessidade de realizar uma análise realista, verdadeira e transparente da empresa em cada mercado em que ela atua, a elaboração de um planejamento estratégico e operacional de 3 anos para cada realidade e o envolvimento das equipes na construção desses planos, visando manter todos alinhados e conectados com a estratégia definida.
Sustentabilidade – Impressionante e positiva a pressão que redes como Walmart estão recebendo e exercendo sobre seus fornecedores, declarando que somente 8% de seu footprint (algo como pegada empresarial, seu rastro) são controlados por eles próprios, ou seja, existe um nível de mais de 90% de dependência de outras partes, que precisam ser envolvidas. Ajudando o consumidor a se tornar mais exigente e inteligente, várias lojas já focam sua comunicação nesse princípio e algumas são exclusivas no conceito, comercializando somente produtos que não agridam o meio ambiente.
Design – A marca Cirque du Soleil apresentou seu case de reformulação de todas as suas lojas dentro das tendas dos shows, que ocorrem no mundo inteiro. O que impressionou foi a construção e aplicação do projeto envolvendo toda a mística da marca e o alinhamento operacional para um negócio mutante no mundo inteiro, trazendo desafios logísticos gigantescos sem perder o charme e a experiência de consumo, tão fundamentais nos shows e apresentações dessa trupe que revolucionou o jeito de pensar os negócios em um segmento fadado à extinção.
Expansão dos negócios – O tema franquias foi bastante explorado por grandes redes como Dunkin Brand´s e Grupo Aldo. Destaque para mercados em forte recessão como o americano, a saída encontrada passa por ampliar as fronteiras e em mercados mais complexos, a franquia passa a ser uma excelente opção e com menor grau de risco, mas que exige forte preparação para a expansão organizada e parceiros devidamente alinhados aos propósitos do negócio e marca, para poderem gerenciar bem suas franquias.
De maneira geral, percebe-se que estamos passando por profundas mudanças na forma como os consumidores estão se relacionando com as marcas, acessando todas as informações da empresa via celular ou email / smartphone e exigindo cada vez mais conhecimento da empresa sobre ela própria e gerando um enorme potencial de oportunidades para aqueles que se prepararem, abraçarem as mudanças e definirem claramente o seu foco de negócios, planejando de maneira adequada o seu futuro por um período mínimo de 3 anos, com revisões freqüentes e envolvendo a equipe nessa construção. Afinal, há tempos não fomos tão bem referendados como brasileiros pelo mundo inteiro.
*Adir Ribeiro - Sócio diretor da Praxis Education (www.praxiseducation.com.br) - adir.ribeiro@praxiseducation.com.br
Evento de grande destaque no varejo mundial, a NRF (National Retail Federation) ocorre uma vez por ano nos EUA, em Nova York, e em janeiro aconteceu a 99ª edição. Os principais pontos assimilados durante todos os dias do evento, juntamente com a visita à feira, que ocorre no mesmo período, e também a algumas lojas importantes do varejo americano, foram, de maneira resumida, as seguintes:
Cenário Brasil x EUA – Brasil despontando como uma das poucas economias mundiais em crescimento, tendo passado pela crise de forma destacada e ampliando de maneira significativa a população com acesso ao consumo de massa e reduzindo índices de pobreza, além da solidez de suas instituições financeiras. Os EUA ainda se ressentem da crise e aos poucos vão retomando a confiança do consumidor, com acesso ao crédito e ampliação do consumo.
Tecnologia x Simplicidade – Não se viram tantas soluções complexas e de investimento com retorno questionável, mas sim a aplicabilidade imediata do básico e necessário. Foco na execução cada vez mais se torna imperativo no mundo das ideias e da informação em excesso.
Redes Sociais – Quase a totalidade das redes varejistas do mundo está apostando suas fichas no uso das mídias sociais (Facebook, Twitter, LinkedIn e outras) como forma de se aproximar de seus consumidores e, mais do que isso, precisam de fato passar a monitorar o que está sendo “dito” e publicado sobre suas marcas. Diversas apresentações ressaltaram o poder de destruição que esse tipo de comentário pode causar para sua marca e negócios, sendo essa a razão principal de se monitorar efetivamente o processo.
Centralização no consumidor – A integração dos canais de vendas é um exemplo de como as empresas deveriam colocar o consumidor no centro de toda a estratégia de acesso aos mercados. Hoje, com a disseminação das mídias eletrônicas o cliente ganhou um poder incomparável, já que quase todas as informações estão a poucos cliques.
Geração Y – Força para esse segmento da população (nascidos a partir de 1976), que são cerca de 85 milhões de pessoas nos EUA, sendo que 50% desse público já é adulto e enviam aproximadamente 2.000 SMSs por mês de seus dispositivos móveis. Um termo bastante interessante usado por essa geração e que demonstra a amplitude dessa questão – IWWIWWIWI – I want what I want when I want it (algo como eu quero o que quero onde eu quero). O uso de tecnologia para esse público é uma forma de integração ao mundo e cerca de 61% dos consumidores dessa geração (segundo as pesquisadoras Jayne O´Donnel e Kit Yarrow, autoras do Livro GEN BUY – How Tweens, Teens and Twenty-Somethings are Revolutionizing Retail) compartilham pelas mídias sociais as marcas de suas preferências e as não admiradas.
Capacitação das Pessoas – O palestrante Paco Underhill citou que as empresas varejistas têm que tratar bem de seus “soldados” do varejo, pois de fato são eles que entregam a parte principal da promessa da marca e que são responsáveis pela geração de boa parte dos resultados no ponto de venda ou nos pontos de relacionamento com os consumidores.
Racionalização do Mix de produtos – A ditadura da opção deve diminuir em função da necessidade de redução dos custos com o sortimento de produtos à disposição dos clientes e como forma de se ampliar a simplicidade ao entender as necessidades básicas do mercado e dos consumidores, ampliando o foco da empresa na sua proposta de negócios e se adequar de maneira estratégica e operacional.
Gestão dos Negócios – Duas grandes redes varejistas mundiais, como a Tesco e o Grupo Kingfisher , tiveram o foco das suas apresentações na gestão de maneira efetiva e simples, desde a necessidade de realizar uma análise realista, verdadeira e transparente da empresa em cada mercado em que ela atua, a elaboração de um planejamento estratégico e operacional de 3 anos para cada realidade e o envolvimento das equipes na construção desses planos, visando manter todos alinhados e conectados com a estratégia definida.
Sustentabilidade – Impressionante e positiva a pressão que redes como Walmart estão recebendo e exercendo sobre seus fornecedores, declarando que somente 8% de seu footprint (algo como pegada empresarial, seu rastro) são controlados por eles próprios, ou seja, existe um nível de mais de 90% de dependência de outras partes, que precisam ser envolvidas. Ajudando o consumidor a se tornar mais exigente e inteligente, várias lojas já focam sua comunicação nesse princípio e algumas são exclusivas no conceito, comercializando somente produtos que não agridam o meio ambiente.
Design – A marca Cirque du Soleil apresentou seu case de reformulação de todas as suas lojas dentro das tendas dos shows, que ocorrem no mundo inteiro. O que impressionou foi a construção e aplicação do projeto envolvendo toda a mística da marca e o alinhamento operacional para um negócio mutante no mundo inteiro, trazendo desafios logísticos gigantescos sem perder o charme e a experiência de consumo, tão fundamentais nos shows e apresentações dessa trupe que revolucionou o jeito de pensar os negócios em um segmento fadado à extinção.
Expansão dos negócios – O tema franquias foi bastante explorado por grandes redes como Dunkin Brand´s e Grupo Aldo. Destaque para mercados em forte recessão como o americano, a saída encontrada passa por ampliar as fronteiras e em mercados mais complexos, a franquia passa a ser uma excelente opção e com menor grau de risco, mas que exige forte preparação para a expansão organizada e parceiros devidamente alinhados aos propósitos do negócio e marca, para poderem gerenciar bem suas franquias.
De maneira geral, percebe-se que estamos passando por profundas mudanças na forma como os consumidores estão se relacionando com as marcas, acessando todas as informações da empresa via celular ou email / smartphone e exigindo cada vez mais conhecimento da empresa sobre ela própria e gerando um enorme potencial de oportunidades para aqueles que se prepararem, abraçarem as mudanças e definirem claramente o seu foco de negócios, planejando de maneira adequada o seu futuro por um período mínimo de 3 anos, com revisões freqüentes e envolvendo a equipe nessa construção. Afinal, há tempos não fomos tão bem referendados como brasileiros pelo mundo inteiro.
*Adir Ribeiro - Sócio diretor da Praxis Education (www.praxiseducation.com.br) - adir.ribeiro@praxiseducation.com.br
5 comentários:
Olá Professor sou seu aluno da Faculdade Câmara Cascudo, me chamo Diego Rodrigo. Gosto muito de estar por dentro desse tipo de notícia, pois provavelmente minha monografia será na área de marketing. Estou até pagando a disciplina de comportamento do consumidor para me aprofundar nessa área. Espero poder aprender mais sobre o marketing de varejo, principalmente sobre as redes sociais.
e ae professor, aq eh o diego azevedo da camara cascudo. acho q esse tipo de encontro dessas mega empresas deviam tratar tambem e com muita força as personalizações dos produtos, naum de formas individuais, e sim de forma regionalizadas. concordo q todas as tendencias estaum corretas, porem ainda falta um olho critico para as necessidades para o consumidor como um individuo em seu ambiente de vida(casa, trabalho, laser).
ate logo professor!
Olá Carlos, sou Aluno da FCC. Acho importante que as empresas não só as varejistas invistam e capacitem seus "soldados" porque eles representem bem seus produtos e ou serviços de modo que passe confiança aos seus consumidores, outra questão importante é a racionalização do Mix de Produto, acredito que algumas empresas estejam diminuindo seu Mix por questão de aceitação de alguns itens no mercado e outras estejam receiosa de ampliar pelo fato de concorrentes mais fortes no mercado.
Olá Professor Carlos, sou Jânio Carlos da FCC. O NRF é, sem dúvida, um "encontro/conferência" entre empresas e profissionais que se reúnem com o intuito de discutir e mostrar assuntos ligados as tendências de mercado,comportamento do consumidor, oportunidades de negócios, segmentos-alvo, etc. Fato importante que foi abordado no NRF 2010 diz respeito ao tema Geração Y no qual aponta um determinado grupo social com características, estilos de vida, comportamento, idéias de consumo diferente dos consumidores ditos "tradicionais". Este nicho de mercado já está sendo explorado por muitas empresas nas quais oferecem produtos/serviços específico para esta parcela da população. Temos como exemplo um lançamento no mercado de bebidas saudáveis, em que a Nestlé visualizando este tipo de consumidor lançou a linha de bebidas Fast. Nesse mesmo nicho também são explorados pelas empresas outros tipos de produtos/serviços principalmente no segmento de tecnologia. Cabe ao Administrador com foco no mercado varejista ficar atento os novos desafios como tendências mercadológicas, decisões de compra do consumidor,hábitos de consumo, posicionamento das marcas nos pontos de vendas,etc. a fim de que possa estar sempre acompanhando e agindo de forma inovadora nas Companhias.
Olá Professor Carlos Pérez!
Acho que os gestores executivos tão no caminho certo, existem muitas outras maneiras de se integrarem como as novas redes de relacionamentos via net, discutinho problemas e soluções novas para o comercio de varejo no panorama da globalização aceleradíssima das ecoconomias, tudo indica que aqueles gestores mais informados e melhor relacionados com os clientes potenciais e conseguir captar o que de mais envolvente eles gostam e querem, vai se sair na frente no campo de batalha do comercio varejista, altamente rentável e promissor.
Wagner
Faculdade Câmara Cascudo
4º ano Administração
Natal/RN
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