Casas Bahia, dos Klein, causa surpresa ao sondar compradores
A gigante do comércio de móveis e eletroeletrônicos Casas Bahia iniciou há cerca de dois meses um movimento que deixou outras varejistas e gente do mercado financeiro ao mesmo tempo em polvorosa e com a pulga atrás da orelha. A empresa da família Klein, por meio do consultor de varejo, Marcos Gouvêa de Souza, procurou um pequeno grupo de empresas do setor e de fundos de private equity, indicando que gostaria de receber propostas de compra do seu controle, conforme notícia veiculada no portal "Exame" na sexta.
Por seu porte e valor estratégico - a empresa lidera o ramo com faturamento anual por volta de R$ 12 bilhões -, a sinalização da Casas Bahia despertou grande interesse no mercado. Segundo apurou o Valor, foram procuradas as líderes do varejo de alimentos, como Pão de Açúcar e Wal-Mart e grandes fundos de private equity como GP Investimentos e Pactual Capital Partners.
Mas, o que era para ser algo restrito, acabou saindo do controle e atraindo a curiosidade de mais gente. Fala-se até em fundos de private equity estrangeiros, como o americano Blackstone. "Quiseram esconder um elefante atrás da moita", diz um dos executivos procurados. A Casas Bahia nega que esteja à venda. Procurado, Marcos Gouvêa preferiu não comentar.
A forma como a história vem sendo conduzida causa estranheza entre executivos acostumados a operações de fusões e aquisições. Primeiramente porque não se trata de um processo organizado. Além disso, a escolha de um consultor de varejo como assessor é pouco usual. Ainda mais para um grupo do porte da Casas Bahia. Representantes de empresas e fundos sentem também uma certa falta de convicção nos contatos feitos. "A família parece não ter certeza do que quer", comentou o gestor de um fundo de private equity.
Há a percepção de que, talvez, o objetivo final não seja propriamente a venda da rede. A família Klein pode estar tentando obter uma avaliação do seu ativo. Uma das hipóteses seria testar o mercado com vistas a realizar uma futura abertura de capital. Mas, neste caso, haveria maneiras mais discretas de obter uma avaliação.
Outra possibilidade é que a família esteja tentando fazer algum acerto entre herdeiros, acredita um executivo de uma rede de varejo. Essa hipótese é tida como bastante plausível porque as Casas Bahia estaria entrando em fase sucessória. Samuel Klein, o lendário fundador da rede, acaba de completar 84 anos. Sua mulher, Ana, acionista da empresa ao lado marido, morreu há cerca de um ano.
O casal tem três filhos vivos, o mais velho Michael, que dirige a rede, Saul, que também faz parte da administração, e Eva, que vive nos Estados Unidos e se mantém distante da empresa da família. A terceira geração da família - cinco netos - está na faixa dos 20 aos 30 e poucos anos e começa a chegar à empresa. Raphael, filho de Michael Klein, por exemplo, ocupa a diretoria de marketing.
A Casas Bahia é um caso raro de gestão familiar entre as companhias de varejo deste porte no Brasil. Ela faz parte da elite do setor, que fatura mais de R$ 10 bilhões, ao lado de Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart. Mesmo companhias muito menores, como Lojas Americanas (R$ 5 bilhões de receita bruta), têm uma gestão altamente profissionalizada.
Na hipótese de o processo de venda caminhar, pouca gente acredita que a família Klein busque sócios, mas sim uma venda integral. E os candidatos a compradores mais naturais seriam as grandes redes de varejo de alimentos, que estão em movimento de consolidação e dirigiram o seu foco hoje para o setor de não-alimentos. O Wal-Mart nos Estados Unidos já nasceu como uma empresa do setor não-alimentar, que vende roupas, remédios, eletrônicos, móveis etc. As varejistas teriam muito mais sinergias a aproveitar no negócio, principalmente por conta do sistema de distribuição. Se a rede estiver de fato à venda, o Wal-Mart seria um dos principais candidatos a comprá-la. A Casas Bahia daria à multinacional o acesso à região Sudeste, onde sua presença ainda é fraca.
Quanto à entrada de um novo personagem, há dúvidas. "O varejo está em consolidação e por isso não faz tanto sentido a entrada de um novo grupo, como um fundo de private equity", diz um executivo do mercado financeiro. "A menos que esse fundo fosse capaz de fazer um profundo choque de gestão e partisse para comprar concorrentes", pondera.
É consenso que uma negociação mais séria não seria simples. Primeiramente dada a dificuldade de absorver uma empresa tão grande. Para as líderes do varejo de alimentos, a aquisição significaria dobrar de tamanho. Mas não é só, a falta de transparência dos números da empresa da família Klein é um grande obstáculo. Não existe balanço auditado por firma independente e ninguém sabe ao certo, por exemplo, quanto a rede gera de caixa, fator fundamental para determinar o seu preço.
Por seu porte e valor estratégico - a empresa lidera o ramo com faturamento anual por volta de R$ 12 bilhões -, a sinalização da Casas Bahia despertou grande interesse no mercado. Segundo apurou o Valor, foram procuradas as líderes do varejo de alimentos, como Pão de Açúcar e Wal-Mart e grandes fundos de private equity como GP Investimentos e Pactual Capital Partners.
Mas, o que era para ser algo restrito, acabou saindo do controle e atraindo a curiosidade de mais gente. Fala-se até em fundos de private equity estrangeiros, como o americano Blackstone. "Quiseram esconder um elefante atrás da moita", diz um dos executivos procurados. A Casas Bahia nega que esteja à venda. Procurado, Marcos Gouvêa preferiu não comentar.
A forma como a história vem sendo conduzida causa estranheza entre executivos acostumados a operações de fusões e aquisições. Primeiramente porque não se trata de um processo organizado. Além disso, a escolha de um consultor de varejo como assessor é pouco usual. Ainda mais para um grupo do porte da Casas Bahia. Representantes de empresas e fundos sentem também uma certa falta de convicção nos contatos feitos. "A família parece não ter certeza do que quer", comentou o gestor de um fundo de private equity.
Há a percepção de que, talvez, o objetivo final não seja propriamente a venda da rede. A família Klein pode estar tentando obter uma avaliação do seu ativo. Uma das hipóteses seria testar o mercado com vistas a realizar uma futura abertura de capital. Mas, neste caso, haveria maneiras mais discretas de obter uma avaliação.
Outra possibilidade é que a família esteja tentando fazer algum acerto entre herdeiros, acredita um executivo de uma rede de varejo. Essa hipótese é tida como bastante plausível porque as Casas Bahia estaria entrando em fase sucessória. Samuel Klein, o lendário fundador da rede, acaba de completar 84 anos. Sua mulher, Ana, acionista da empresa ao lado marido, morreu há cerca de um ano.
O casal tem três filhos vivos, o mais velho Michael, que dirige a rede, Saul, que também faz parte da administração, e Eva, que vive nos Estados Unidos e se mantém distante da empresa da família. A terceira geração da família - cinco netos - está na faixa dos 20 aos 30 e poucos anos e começa a chegar à empresa. Raphael, filho de Michael Klein, por exemplo, ocupa a diretoria de marketing.
A Casas Bahia é um caso raro de gestão familiar entre as companhias de varejo deste porte no Brasil. Ela faz parte da elite do setor, que fatura mais de R$ 10 bilhões, ao lado de Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart. Mesmo companhias muito menores, como Lojas Americanas (R$ 5 bilhões de receita bruta), têm uma gestão altamente profissionalizada.
Na hipótese de o processo de venda caminhar, pouca gente acredita que a família Klein busque sócios, mas sim uma venda integral. E os candidatos a compradores mais naturais seriam as grandes redes de varejo de alimentos, que estão em movimento de consolidação e dirigiram o seu foco hoje para o setor de não-alimentos. O Wal-Mart nos Estados Unidos já nasceu como uma empresa do setor não-alimentar, que vende roupas, remédios, eletrônicos, móveis etc. As varejistas teriam muito mais sinergias a aproveitar no negócio, principalmente por conta do sistema de distribuição. Se a rede estiver de fato à venda, o Wal-Mart seria um dos principais candidatos a comprá-la. A Casas Bahia daria à multinacional o acesso à região Sudeste, onde sua presença ainda é fraca.
Quanto à entrada de um novo personagem, há dúvidas. "O varejo está em consolidação e por isso não faz tanto sentido a entrada de um novo grupo, como um fundo de private equity", diz um executivo do mercado financeiro. "A menos que esse fundo fosse capaz de fazer um profundo choque de gestão e partisse para comprar concorrentes", pondera.
É consenso que uma negociação mais séria não seria simples. Primeiramente dada a dificuldade de absorver uma empresa tão grande. Para as líderes do varejo de alimentos, a aquisição significaria dobrar de tamanho. Mas não é só, a falta de transparência dos números da empresa da família Klein é um grande obstáculo. Não existe balanço auditado por firma independente e ninguém sabe ao certo, por exemplo, quanto a rede gera de caixa, fator fundamental para determinar o seu preço.
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