Diga "não" sem magoar
Reinaldo Polito
Às vezes temos de dizer não. Entretanto, dizer não sem deixar que o outro fique aborrecido é uma habilidade de comunicação que exige diplomacia, experiência, capacidade de observação e conhecimento dos sentimentos e das reações das pessoas.A grande lição que recebi sobre esta verdadeira arte do convívio e do relacionamento talvez possa ser muito útil a você também. O mestre, provavelmente, não sabia que estava me ensinando, pois a aula foi ministrada naturalmente a partir de um exemplo prático. Eu me lembrei dessa história porque há pouco tempo fui treinar um grupo de executivos no Hotel Jaraguá em São Paulo. Ao ver o ambiente, hoje todo remodelado, me veio à mente um encontro que tive naquele mesmo local com Leonel Brizola. Eu havia sido contratado para preparar a comunicação do deputado Adhemar de Barros Filho, que se candidatara ao governo de São Paulo. Por isso, como eles pertenciam ao mesmo partido político, pedi a ele que intercedesse junto a Brizola, para que aceitasse ser o paraninfo de uma das turmas do nosso curso de expressão verbal. Era importante que ele aceitasse, pois os alunos o consideravam um dos melhores oradores em atividade no país. Fomos eu e o professor Jairo até o hotel para fazer o convite pessoalmente. Assim que terminaram a reunião do partido, o líder revolucionário veio em minha direção com um largo sorriso: "Caro professor Polito, o senhor não imagina a satisfação que tenho em conhecê-lo. O Adhemar me falou muito bem a seu respeito. Em que posso ajudá-lo?"Eu, todo satisfeito com a receptividade, fui direto ao ponto: "Gostaria muito que aceitasse o convite para ser o paraninfo das turmas do nosso curso de expressão verbal. Os alunos estão aguardando ansiosamente por uma resposta positiva, pois o consideram um dos maiores oradores da nossa história".Mantendo o mesmo sorriso ele me disse: "Professor Polito, além de ter a honra de conhecê-lo pessoalmente, o senhor acaba de me dar uma das maiores alegrias, a de ser convidado para ser o paraninfo das turmas do seu curso. Jamais vou me esquecer deste momento que me envaidece e me dá tanto orgulho. Prometo que vou caprichar no discurso para não decepcionar seus alunos e ao senhor. Quando o Adhemar falou a seu respeito e me perguntou se havia ouvido falar sobre a sua escola de oratória, eu disse a ele que já o conheço de longa data e sempre refleti sobre uma questão: como a minha vida de orador teria sido diferente se tivéssemos nos encontrado há mais tempo"."Professor, embora estejamos nos conhecendo pessoalmente agora, as referências que tenho sobre o seu trabalho são tantas que tenho a impressão de conhecê-lo há muitos anos. Pode ter certeza de que não somos estranhos um para o outro.""Esta data que o senhor marcou coincide com as viagens que programamos para esta fase da campanha. Por isso, peço-lhe que mantenha o convite de pé para que eu possa realizar este sonho que agora passa a fazer parte da minha vida -ser paraninfo de uma das turmas do seu curso."Nós nos despedimos, e o Jairo comentou satisfeito: "Puxa, que belo encontro. Viu como ele gostou do convite?! Foi só elogio o tempo todo." E eu, caindo em mim, disse a ele; "Mas, você percebeu que ele não aceitou o convite?" Demonstrou tanta consideração pelo nosso pedido que mesmo dizendo não, saímos com a sensação tão positiva como se ele tivesse dito sim.Analise bem a maneira como tem dito não às pessoas. Se concluir que não está levando em conta os sentimentos delas, procure mudar o comportamento e passe a agir com mais diplomacia e gentileza. Lembre-se de que às vezes precisamos dizer não, mas nem por isso precisamos magoar as pessoas.
Às vezes temos de dizer não. Entretanto, dizer não sem deixar que o outro fique aborrecido é uma habilidade de comunicação que exige diplomacia, experiência, capacidade de observação e conhecimento dos sentimentos e das reações das pessoas.A grande lição que recebi sobre esta verdadeira arte do convívio e do relacionamento talvez possa ser muito útil a você também. O mestre, provavelmente, não sabia que estava me ensinando, pois a aula foi ministrada naturalmente a partir de um exemplo prático. Eu me lembrei dessa história porque há pouco tempo fui treinar um grupo de executivos no Hotel Jaraguá em São Paulo. Ao ver o ambiente, hoje todo remodelado, me veio à mente um encontro que tive naquele mesmo local com Leonel Brizola. Eu havia sido contratado para preparar a comunicação do deputado Adhemar de Barros Filho, que se candidatara ao governo de São Paulo. Por isso, como eles pertenciam ao mesmo partido político, pedi a ele que intercedesse junto a Brizola, para que aceitasse ser o paraninfo de uma das turmas do nosso curso de expressão verbal. Era importante que ele aceitasse, pois os alunos o consideravam um dos melhores oradores em atividade no país. Fomos eu e o professor Jairo até o hotel para fazer o convite pessoalmente. Assim que terminaram a reunião do partido, o líder revolucionário veio em minha direção com um largo sorriso: "Caro professor Polito, o senhor não imagina a satisfação que tenho em conhecê-lo. O Adhemar me falou muito bem a seu respeito. Em que posso ajudá-lo?"Eu, todo satisfeito com a receptividade, fui direto ao ponto: "Gostaria muito que aceitasse o convite para ser o paraninfo das turmas do nosso curso de expressão verbal. Os alunos estão aguardando ansiosamente por uma resposta positiva, pois o consideram um dos maiores oradores da nossa história".Mantendo o mesmo sorriso ele me disse: "Professor Polito, além de ter a honra de conhecê-lo pessoalmente, o senhor acaba de me dar uma das maiores alegrias, a de ser convidado para ser o paraninfo das turmas do seu curso. Jamais vou me esquecer deste momento que me envaidece e me dá tanto orgulho. Prometo que vou caprichar no discurso para não decepcionar seus alunos e ao senhor. Quando o Adhemar falou a seu respeito e me perguntou se havia ouvido falar sobre a sua escola de oratória, eu disse a ele que já o conheço de longa data e sempre refleti sobre uma questão: como a minha vida de orador teria sido diferente se tivéssemos nos encontrado há mais tempo"."Professor, embora estejamos nos conhecendo pessoalmente agora, as referências que tenho sobre o seu trabalho são tantas que tenho a impressão de conhecê-lo há muitos anos. Pode ter certeza de que não somos estranhos um para o outro.""Esta data que o senhor marcou coincide com as viagens que programamos para esta fase da campanha. Por isso, peço-lhe que mantenha o convite de pé para que eu possa realizar este sonho que agora passa a fazer parte da minha vida -ser paraninfo de uma das turmas do seu curso."Nós nos despedimos, e o Jairo comentou satisfeito: "Puxa, que belo encontro. Viu como ele gostou do convite?! Foi só elogio o tempo todo." E eu, caindo em mim, disse a ele; "Mas, você percebeu que ele não aceitou o convite?" Demonstrou tanta consideração pelo nosso pedido que mesmo dizendo não, saímos com a sensação tão positiva como se ele tivesse dito sim.Analise bem a maneira como tem dito não às pessoas. Se concluir que não está levando em conta os sentimentos delas, procure mudar o comportamento e passe a agir com mais diplomacia e gentileza. Lembre-se de que às vezes precisamos dizer não, mas nem por isso precisamos magoar as pessoas.
Reinaldo Polito
é mestre em ciências da comunicação, palestrante e professor de expressão verbal. Escreveu 15 livros que venderam mais de 1 milhão de exemplares
é mestre em ciências da comunicação, palestrante e professor de expressão verbal. Escreveu 15 livros que venderam mais de 1 milhão de exemplares
e-mail: polito@uol.com.br
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