Mulheres atuam 18 horas em casa por semana; os homens, 5 horas
Mulheres com jornada semanal de 40 horas ou mais no mercado de trabalho trabalham quase três vezes mais em serviços domésticos do que homens que cumprem a mesma jornada de trabalho. Enquanto eles trabalham, em média, 5 horas semanais fazendo serviços em casa, elas dedicam 18 horas por semana às mesmas tarefas.
O resultado é apontado por estudo do Ibmec São Paulo para avaliar as desigualdades entre homens e mulheres quanto à participação no trabalho dentro e fora casa.
O levantamento foi feito a partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2006, do IBGE, e levou em conta informações de 206,5 mil pessoas com renda familiar média de R$ 1.634. A idade média dos chefes de família e seus parceiros é de 46 e 41 anos, respectivamente.
Eduardo Knapp/Folha Imagem
Wilma Teixeira, 51, cumpre uma jornada de 44 horas no emprego e de 6 horas em casa
Entre os homens, 85,06% têm jornada de 40 horas ou mais por semana. Na média eles, dedicam 5 horas semanais ao serviço doméstico.
O percentual de mulheres que cumprem horário de 40 horas ou mais no trabalho é menor: 56,29%. Entretanto, elas dispensam 18 horas semanais para as tarefas domésticas.
"Comparando mulheres e homens, casados ou não, a diferença persiste. A mulher trabalha em casa, no mínimo, o dobro do que o homem. Dependendo da jornada no mercado de trabalho, essa diferença chega a três ou até quatro vezes", diz Regina Madalozzo, pesquisadora do Ibmec e uma das autoras do estudo.
Renda, educação e idade são três fatores que explicam, segundo ela, as desigualdades entre homens e mulheres ao cumprir jornada em casa.
"Quanto maior é a participação da mulher na renda da família, menos horas ela dedica ao trabalho doméstico. Ela tem mais poder para negociar as horas trabalhadas em casa. Se ganha mais, tem mais voz ativa", afirma a pesquisadora.
Prova disso, segundo diz, é que uma das variáveis do estudo mostra que, para cada ponto percentual que a mulher aumenta sua participação na renda da família, diminui em cerca de 8 horas o trabalho doméstico que ela executa por semana.
No caso dos homens, também há redução, mas a variação é menor. A diminuição é de duas horas semanais para cada ponto percentual em que ele aumenta a renda em relação à familiar. "O que isso mostra é que trabalhar em casa não é somente uma questão cultural e social, mas também existe o aspecto econômico", diz.
No Sul do país, segundo com o estudo, os homens dedicam mais tempo aos serviços domésticos do que nas demais regiões. "Ele trabalha em casa uma hora a mais do que um homem da região Sudeste. Esse tempo chega a quase duas horas se comparado ao dispensado por um homem do Centro-Oeste ao trabalho doméstico." Nesse caso, segundo ela, o que pode explicar essa maior participação é a questão cultural. "A região tem peculiaridades em relação a colonização e costumes. No Sul, os homens têm o hábito de cozinhar mais."
A redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, reivindicada pela centrais sindicais, não deve ter impacto, segundo diz, nas desigualdades das jornada de homens e mulheres. "Com o tempo, a tendência é que os homens façam mais horas extras para incrementar a renda e diminuam ainda mais o pouco tempo que dedicam ao trabalho doméstico."
Dulpa jornada
Wilma Aparecida Cavazini Teixeira, 51, cumpre uma jornada de 44 horas de segunda a sexta-feira como bibliotecária de um instituto de pesquisa no centro da cidade. Em casa, são ao menos seis horas de tarefas domésticas por dia, ou 42 horas semanais já que não consegue "folga" da função de dona-de-casa sábados e domingos.
"Nunca havia parado para fazer a conta. É uma jornada extensa", afirma, sem reclamar da dupla jornada de 86 horas semanais que diz cumprir com prazer. "A mulher toma a iniciativa e faz o serviço em casa porque os filhos estudam e trabalham, porque o marido também tem uma jornada extensa. Procuro não me estressar."
Com três filhos, acorda por volta de 7h e até o meio-dia se dedica a tarefas domésticas. Das 12h30 às 22h, é bibliotecária. "Meu marido é corretor de imóveis e trabalha de domingo a domingo, das 7h30 até as 19h30. Em casa a jornada é longa para todos."
O resultado é apontado por estudo do Ibmec São Paulo para avaliar as desigualdades entre homens e mulheres quanto à participação no trabalho dentro e fora casa.
O levantamento foi feito a partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2006, do IBGE, e levou em conta informações de 206,5 mil pessoas com renda familiar média de R$ 1.634. A idade média dos chefes de família e seus parceiros é de 46 e 41 anos, respectivamente.
Eduardo Knapp/Folha Imagem
Wilma Teixeira, 51, cumpre uma jornada de 44 horas no emprego e de 6 horas em casa
Entre os homens, 85,06% têm jornada de 40 horas ou mais por semana. Na média eles, dedicam 5 horas semanais ao serviço doméstico.
O percentual de mulheres que cumprem horário de 40 horas ou mais no trabalho é menor: 56,29%. Entretanto, elas dispensam 18 horas semanais para as tarefas domésticas.
"Comparando mulheres e homens, casados ou não, a diferença persiste. A mulher trabalha em casa, no mínimo, o dobro do que o homem. Dependendo da jornada no mercado de trabalho, essa diferença chega a três ou até quatro vezes", diz Regina Madalozzo, pesquisadora do Ibmec e uma das autoras do estudo.
Renda, educação e idade são três fatores que explicam, segundo ela, as desigualdades entre homens e mulheres ao cumprir jornada em casa.
"Quanto maior é a participação da mulher na renda da família, menos horas ela dedica ao trabalho doméstico. Ela tem mais poder para negociar as horas trabalhadas em casa. Se ganha mais, tem mais voz ativa", afirma a pesquisadora.
Prova disso, segundo diz, é que uma das variáveis do estudo mostra que, para cada ponto percentual que a mulher aumenta sua participação na renda da família, diminui em cerca de 8 horas o trabalho doméstico que ela executa por semana.
No caso dos homens, também há redução, mas a variação é menor. A diminuição é de duas horas semanais para cada ponto percentual em que ele aumenta a renda em relação à familiar. "O que isso mostra é que trabalhar em casa não é somente uma questão cultural e social, mas também existe o aspecto econômico", diz.
No Sul do país, segundo com o estudo, os homens dedicam mais tempo aos serviços domésticos do que nas demais regiões. "Ele trabalha em casa uma hora a mais do que um homem da região Sudeste. Esse tempo chega a quase duas horas se comparado ao dispensado por um homem do Centro-Oeste ao trabalho doméstico." Nesse caso, segundo ela, o que pode explicar essa maior participação é a questão cultural. "A região tem peculiaridades em relação a colonização e costumes. No Sul, os homens têm o hábito de cozinhar mais."
A redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, reivindicada pela centrais sindicais, não deve ter impacto, segundo diz, nas desigualdades das jornada de homens e mulheres. "Com o tempo, a tendência é que os homens façam mais horas extras para incrementar a renda e diminuam ainda mais o pouco tempo que dedicam ao trabalho doméstico."
Dulpa jornada
Wilma Aparecida Cavazini Teixeira, 51, cumpre uma jornada de 44 horas de segunda a sexta-feira como bibliotecária de um instituto de pesquisa no centro da cidade. Em casa, são ao menos seis horas de tarefas domésticas por dia, ou 42 horas semanais já que não consegue "folga" da função de dona-de-casa sábados e domingos.
"Nunca havia parado para fazer a conta. É uma jornada extensa", afirma, sem reclamar da dupla jornada de 86 horas semanais que diz cumprir com prazer. "A mulher toma a iniciativa e faz o serviço em casa porque os filhos estudam e trabalham, porque o marido também tem uma jornada extensa. Procuro não me estressar."
Com três filhos, acorda por volta de 7h e até o meio-dia se dedica a tarefas domésticas. Das 12h30 às 22h, é bibliotecária. "Meu marido é corretor de imóveis e trabalha de domingo a domingo, das 7h30 até as 19h30. Em casa a jornada é longa para todos."
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