A saga do caçador de piratas da Microsoft
Keith Beeman tem uma missão impossível para cumprir, e milhares de inimigos espalhados pelo mundo farão de tudo para atrapalhar seus planos. Beeman, porém, traçou um plano meticuloso, e promete lutar até o fim para alcançar a sua meta.
Vá lá. O senhor Beeman pode até ter nome de astro de cinema. Pode até ser dono de uma tarefa incrível. Mas a verdade é que, no dia-a-dia, a rotina de Beeman está bem longe dos roteiros batidos de Hollywood. Há cinco anos, é dele a função de orquestrar as ações mundiais de combate à pirataria da Microsoft, a maior empresa de softwares do mundo e, conseqüentemente, a principal vítima do mercado ilegal. "Não é um jogo fácil", diz, em entrevista ao Valor. "Mas temos progredido muito nessa área, inclusive no Brasil."
O caçador de piratas da Microsoft trabalha para Bill Gates há dez anos, mas sua dedicação exclusiva ao assunto ganhou força em 2002, quando a companhia criou uma unidade de combate às cópias ilegais. "Até então tínhamos apenas ações isoladas. Não havia uma coordenação", conta.
Beeman passou a ser diretor sênior mundial de ações anti-pirataria da empresa, uma área que hoje conta com o apoio de aproximadamente 500 funcionários em todo o mundo, que todos os dias se debruçam sobre o problema do mercado ilegal de software.
O executivo não revela o tamanho do estrago que o mercado paralelo tem causado às contas da fabricante do Windows, mas garante que a companhia não tem poupado esforços para aliviar os danos. "Não falo em valores, exatamente, mas é claro que gastamos algumas dezenas de milhões de dólares todo ano com iniciativas."
Basicamente, as medidas contra o fosso da ilegalidade têm mirado três tipos de ações, diz o xerife da Microsoft. O primeiro passo é investir em campanhas de conscientização da população, destacando os riscos e prejuízos causados pelo mercado ilegal (ver quadro). A segunda iniciativa é criar grupos de combate - com a participação local de empresas, associações e governo - para fiscalizar e punir operações criminosas. O terceiro passo é usar a própria tecnologia para complicar ao máximo a vida dos piratas de software, embutindo sistemas complexos de proteção e atualização dos produtos.
Quando bem feita, a receita funciona bem, diz Beeman, mas o executivo admite que o cenário mundial está longe do razoável. A Business Software Alliance (BSA) e a consultoria IDC mediram o índice de pirataria em 102 países durante 2006. A princípio, os dados da pesquisa são até animadores: entre 2005 e o ano passado, a pirataria de software caiu em 62 dos países. O uso de cópias ilegais só aumentou em 13 países.
O problema é que o ritmo das quedas na pirataria não andou no compasso do mercado de PCs, que explodiu nos últimos anos. Em 2006, 230 milhões de novos computadores foram ligados em todo o mundo, um contingente que se somou a outras 800 milhões de máquinas. Boa parte dessa parafernália foi plugada em países em desenvolvimento, como Brasil, Rússia, Índia e China, os chamados "Brics". Como os maiores índices de pirataria ainda são puxados por esses países, o cenário não mudou: a taxa média ponderada da pirataria mundial continua em 35%, o mesmo índice dos últimos três anos. A coisa fica ainda mais feia quando se vê que, na metade dos países, 62 empresas em cada cem usam sistemas ilegais. Na América Latina, o índice atinge 66% do mercado.
Beeman faz os cálculos. No ano passado, observa, o prejuízo acumulado com a pirataria de software chegou a US$ 40 bilhões. Se a situação não melhorar, alerta a BSA, em quatro anos cerca de US$ 180 bilhões deverão ir para o ralo.
A Microsoft vai à luta. Formou um bloco anti-pirataria só para os Brics. "Nos reunimos duas vezes por anos, trocamos idéias, melhores práticas, aprendemos um com outro", diz Beeman.
A atenção do caçador de piratas, porém, não está restrita ao bloco dos emergentes. Por ano, são cerca de dez viagens internacionais. Desde 2003, o executivo já passou por mais de 30 países, pregando o seu evangelho da legalidade e defendendo punições a seus infratores.
Numa labuta parecida à saga de enxugar gelo, Beeman não se ilude. Indagado sobre a possibilidade de, talvez um dia, não haver mais pirataria no mundo, ele é direto: "Não acredito que a ilegalidade chegará a zero, mas ela pode ser bem menor. Cerca de 10% seria um ótimo número", brinca. Parece ficção. Beeman sabe que tem muito trabalho pela frente.
Vá lá. O senhor Beeman pode até ter nome de astro de cinema. Pode até ser dono de uma tarefa incrível. Mas a verdade é que, no dia-a-dia, a rotina de Beeman está bem longe dos roteiros batidos de Hollywood. Há cinco anos, é dele a função de orquestrar as ações mundiais de combate à pirataria da Microsoft, a maior empresa de softwares do mundo e, conseqüentemente, a principal vítima do mercado ilegal. "Não é um jogo fácil", diz, em entrevista ao Valor. "Mas temos progredido muito nessa área, inclusive no Brasil."
O caçador de piratas da Microsoft trabalha para Bill Gates há dez anos, mas sua dedicação exclusiva ao assunto ganhou força em 2002, quando a companhia criou uma unidade de combate às cópias ilegais. "Até então tínhamos apenas ações isoladas. Não havia uma coordenação", conta.
Beeman passou a ser diretor sênior mundial de ações anti-pirataria da empresa, uma área que hoje conta com o apoio de aproximadamente 500 funcionários em todo o mundo, que todos os dias se debruçam sobre o problema do mercado ilegal de software.
O executivo não revela o tamanho do estrago que o mercado paralelo tem causado às contas da fabricante do Windows, mas garante que a companhia não tem poupado esforços para aliviar os danos. "Não falo em valores, exatamente, mas é claro que gastamos algumas dezenas de milhões de dólares todo ano com iniciativas."
Basicamente, as medidas contra o fosso da ilegalidade têm mirado três tipos de ações, diz o xerife da Microsoft. O primeiro passo é investir em campanhas de conscientização da população, destacando os riscos e prejuízos causados pelo mercado ilegal (ver quadro). A segunda iniciativa é criar grupos de combate - com a participação local de empresas, associações e governo - para fiscalizar e punir operações criminosas. O terceiro passo é usar a própria tecnologia para complicar ao máximo a vida dos piratas de software, embutindo sistemas complexos de proteção e atualização dos produtos.
Quando bem feita, a receita funciona bem, diz Beeman, mas o executivo admite que o cenário mundial está longe do razoável. A Business Software Alliance (BSA) e a consultoria IDC mediram o índice de pirataria em 102 países durante 2006. A princípio, os dados da pesquisa são até animadores: entre 2005 e o ano passado, a pirataria de software caiu em 62 dos países. O uso de cópias ilegais só aumentou em 13 países.
O problema é que o ritmo das quedas na pirataria não andou no compasso do mercado de PCs, que explodiu nos últimos anos. Em 2006, 230 milhões de novos computadores foram ligados em todo o mundo, um contingente que se somou a outras 800 milhões de máquinas. Boa parte dessa parafernália foi plugada em países em desenvolvimento, como Brasil, Rússia, Índia e China, os chamados "Brics". Como os maiores índices de pirataria ainda são puxados por esses países, o cenário não mudou: a taxa média ponderada da pirataria mundial continua em 35%, o mesmo índice dos últimos três anos. A coisa fica ainda mais feia quando se vê que, na metade dos países, 62 empresas em cada cem usam sistemas ilegais. Na América Latina, o índice atinge 66% do mercado.
Beeman faz os cálculos. No ano passado, observa, o prejuízo acumulado com a pirataria de software chegou a US$ 40 bilhões. Se a situação não melhorar, alerta a BSA, em quatro anos cerca de US$ 180 bilhões deverão ir para o ralo.
A Microsoft vai à luta. Formou um bloco anti-pirataria só para os Brics. "Nos reunimos duas vezes por anos, trocamos idéias, melhores práticas, aprendemos um com outro", diz Beeman.
A atenção do caçador de piratas, porém, não está restrita ao bloco dos emergentes. Por ano, são cerca de dez viagens internacionais. Desde 2003, o executivo já passou por mais de 30 países, pregando o seu evangelho da legalidade e defendendo punições a seus infratores.
Numa labuta parecida à saga de enxugar gelo, Beeman não se ilude. Indagado sobre a possibilidade de, talvez um dia, não haver mais pirataria no mundo, ele é direto: "Não acredito que a ilegalidade chegará a zero, mas ela pode ser bem menor. Cerca de 10% seria um ótimo número", brinca. Parece ficção. Beeman sabe que tem muito trabalho pela frente.
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