O computador virou mesa
Enquanto o mundo espera o começo das vendas do iPhone, o revolucionário celular da Apple, prometido para este mês, a Microsoft trabalhou em silêncio em algo inteiramente inédito: a mobília digital. O novo item da lista de produtos inovadores sob a chancela de Bill Gates foi finalmente apresentado na quarta-feira passada. É algo como jamais se viu, exceto em protótipos que nunca saíram do laboratório – um computador em formato e tamanho de uma mesa de centro, chamado de Surface. De fato, como o nome em inglês sugere, é basicamente uma superfície plana de 30 polegadas (76 centímetros), sem botões nem teclado ou mouse. Todos os recursos são acionados por meio de movimentos naturais, realizados com toques da ponta dos dedos. Esse sistema, conhecido por touch screen, é o mesmo usado no iPhone. A interface amigável é a maior semelhança entre os dois produtos. Além do tamanho e das ambições maiores, o Surface surpreende com algumas de suas inovações. O computador reconhece e interage com outros aparelhos eletrônicos que estejam dispostos sobre sua tela. Uma câmera digital com tecnologia Wi-Fi colocada na mesa digital será identificada e poderá passar seus arquivos de foto e vídeo por transferência de dados sem fio para o Surface. Com gestos de mão, é possível ampliar, editar e arquivar as imagens. Ou enviá-las por e-mail.
Na descrição da Microsoft, a tela touch screen permite às pessoas "interagir com o conteúdo digital do mesmo modo que interagiram por toda a vida com fotos, desenhos e músicas: com as mãos, colocando objetos do mundo real no Surface". Em princípio, a mesa digital está destinada ao uso em estabelecimentos comerciais, sobretudo restaurantes. Nesses locais, sua utilidade é evidente, ainda que precise demonstrar sua eficiência no teste da vida real. A mobília digital pode ler etiquetas com códigos de barras, por exemplo. Dessa forma seria possível expor informações, com imagens e vídeos, sobre uma garrafa de vinho no momento em que a bebida fosse colocada sobre seu tampo de acrílico. A superfície poderia exibir ainda o cardápio, receber os pedidos e apresentar a conta no final da refeição. Com o uso da internet, a mesa serve até de local para uma partida de xadrez a distância entre dois jogadores. O fascinante é a possibilidade de usar peças de verdade, desde que recheadas de eletrônica capaz de interagir com o computador. Para o comércio, há outra aplicação: a comparação de preços entre produtos dispostos sobre a mesa.
Todos esses recursos são proporcionados por um computador, cinco filmadoras e um projetor acomodados na base do Surface. A partir de novembro, a mesa digital deve começar a ser instalada em estabelecimentos selecionados pela Microsoft nos Estados Unidos. Entre eles estão os hotéis da rede Sheraton, os cassinos Caesars Palace e o Rio All-Suite Hotel, em Las Vegas, os pontos-de-venda da operadora de celular T-Mobile e uma dezena de restaurantes. Cada máquina deve custar 10.000 dólares. A expectativa da Microsoft é conseguir preços bem mais baixos à medida que a produção ganhar escala.
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