A internet virou um grande mapa
O analista de sistemas Josh Pankratz, da cidade americana de Rochester, no estado de Minnesota, começou um projeto pessoal por mera curiosidade: aplicou as ocorrências registradas pela polícia local nos mapas gratuitos do Google Maps. Os dados eram todos públicos e estavam disponíveis na rede, de graça. A mistura gerou um mapa interativo que mostra, com um clique, onde houve prisões por conduta desordeira, agressões físicas ou invasões de domicílio. A idéia de Pankratz aumentou a sensação de segurança dos moradores da cidade e agradou à polícia. Hoje, o site Rochestercrime.org é um dos melhores exemplos de um fenômeno que pode mudar para sempre o que se entende por busca de informações na internet. Assim como voluntários ao redor do mundo escrevem e editam verbetes da enciclopédia aberta Wikipédia, os mapas também caíram nas mãos dos internautas. O resultado é uma nova dimensão da rede, na qual as informações não somente vão aparecer como páginas da web -- elas vão estar indicadas no mapa. Nessa nova web geográfica, ou geoweb, encontra-se tudo. Há coisas sérias, como os locais perigosos de um bairro, e também a diversão de diletantes, como os pontos de São Paulo grafitados por um grupo de amigos. Mas todos têm um traço em comum: apontam para um futuro em que os mapas terão posição central na organização do caos de informações em que vivemos.
"O homem das cavernas saía para caçar e precisava de um mapa mental para lembrar o caminho de volta e alimentar sua família", diz José Carlos Penna de Vasconcellos, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cartografia. A necessidade de orientação pode vir da idade da pedra, mas o fenômeno dos mashups, como são conhecidas essas misturas de dados aleatórios com mapas online, é bem mais recente. Começou em junho de 2005, quando foi lançado o Google Earth, software criado pelo engenheiro John Hanke que exibe fotos de satélite num globo terrestre virtual. Enquanto milhões de pessoas se divertiam procurando ver sua casa do espaço, um designer americano chamado Paul Rademacher aplicou listagens de apartamentos de um site de classificados sobre o mapa. Esse primeiro mashup deu origem a um inédito movimento de colaboração coletiva, e as misturas hoje se contam aos milhares. O sucesso foi tão grande que hoje Google, Yahoo! e Microsoft travam uma corrida para que seus serviços de localização sejam os mais anotados pelos usuários. Nos últimos meses, esses gigantes da web disputam a primazia no fornecimento de ferramentas de criação de mapas individuais, sejam eles para mostrar onde ficam lojas de aluguel de fantasia em Brasília ou os melhores restaurantes de comida japonesa de Fortaleza.
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