Tigre cria marca para nova linha de produto
Valor Econômico
Após mais de 65 anos de fundação, a maior parte fabricando primordialmente tubos e conexões de PVC, a Tigre se prepara para entrar de forma consistente em um mercado que vinha atuando de forma marginal nos últimos anos. A partir de 2008, a companhia pretende ser uma das líderes do mercado de acessórios sanitários plásticos voltados para as classes C, D e E. Para tanto, já iniciou as obras de uma nova fábrica de R$ 10 milhões exclusiva para a produção de tampas de sanitários, porta-sabonetes e armários de banheiros na cidade mineira de Pouso Alegre. Ao mesmo tempo, finaliza o desenvolvimento de uma nova marca, específica para essa linha de produtos.
A Tigre está apostando nesse segmento influenciada pelo anunciado boom imobiliário para a classe média baixa. Com as construtoras capitalizadas, e mirando seu foco em imóveis voltados para uma larga fatia da população que ganha até 10 salários mínimos, a Tigre acredita haver uma oportunidade única para entrar em um segmento que atuava quase desapercebida. "Já produzimos coisas simples, como tampas de vasos sanitários", diz Amaury Olsen, presidente da Tigre. "Mas agora é diferente, vamos ter uma marca específica, um leque de produtos muito maior e uma estratégia de marketing dedicada para esse mercado", afirma o executivo.
Nos próximos 60 dias, a Tigre deve lançar oficialmente a nova marca, que, a princípio, não terá uma animal como símbolo. O especialista em marcas Jaime Troiano é o responsável por desenvolver esse projeto e toda a comunicação visual que ilustrará sua nova linha de produtos. Assim que definir como pretende trabalhar esse novo segmento, a companhia deve iniciar uma campanha de marketing agressiva para divulgação. Estão programadas campanhas publicitárias de TV e inserção de comerciais nos jogos de futebol.
"Faremos um trabalho forte de popularização da nova marca, mas ainda não definimos o orçamento de marketing para ela", diz Amaury Olsen.
A Tigre chegou à conclusão de que precisa expandir sua área de atuação para crescer, principalmente em um momento em que há a expectativa de um aquecimento forte da demanda. "Temos mais de 50% de participação e precisamos encontrar novas maneiras de manter nossa expansão, para não crescer apenas com o mercado", afirma o executivo. A principal concorrente da Tigre, a Amanco, teria cerca de 21% do mercado brasileiro, de acordo com estimativas da companhia catarinense. O restante do setor está distribuído entre cerca de 50 outras empresas.
A fábrica de Pouso Alegre deve ser concluída, segundo o executivo, em dezembro. O início da produção deve começar logo em seguida e a distribuição dos produtos deverá ter o mesmo caminho dos produtos Tigre. "Temos mais de 100 mil pontos de venda no Brasil e queremos que esses produtos estejam onde a Tigre estiver", diz Amaury Olsen. Uma das estratégias é criar uma forma de vender os tubos e conexões de forma casada com os acessórios sanitários. A idéia da Tigre é ter uma ampla variedade de produtos para todas as áreas "molhadas" da casa, como cozinha e banheiros. "Vamos ter desde lixeirinhas a armários completos para o banheiro", afirma o executivo, na empresa há 38 anos. O PVC, assim como nos tubos e conexões, será a matéria prima básica dessa nova linha de produtos.
Ao mesmo tempo em que se aproxima cada vez mais da parte de acabamento das obras residenciais, a Tigre também investe pesado no segmento de infra-estrutura. Na expectativa de que o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do governo federal deslanche de fato, a companhia também está construindo uma fábrica em Escada (PE) dedicada a produtos de infra-estrutura. A companhia pretende utilizar essa unidade para produzir itens para obras públicas de saneamento básico.
"Para resolver o problema do saneamento básico no Brasil são precisos investimentos de R$ 100 bilhões", diz Olsen. "Estamos nos preparando para uma demanda que virá. O Brasil não pode mais deixar de investir em saneamento." A fábrica de Escada vai consumir cerca de R$ 17 milhões.
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