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sábado, 22 de dezembro de 2007

Falta caminhão para levar cerveja

Valor Econômico
As vendas de cervejas estão bastante aquecidas este ano. As de caminhão também. Num setor onde a distribuição é vital, a demanda extra dos dois lados virou um problema. Já prevendo um crescimento das vendas este ano, as cervejarias investiram no aumento da frota, mas não receberam todos os caminhões encomendados a tempo. O resultado foi um remanejamento da logística para não faltar cerveja nos pontos-de-venda em pleno mês de dezembro - o de maior consumo no ano.
Com uma forte demanda em diferentes setores, do agronegócio, à mineração e construção civil, as montadoras de veículos pesados vivem um de seus melhores anos. O crescimento das vendas neste ano bateu em 25%, até outubro. Como os caminhões exigidos para entrega de cerveja são especiais e feitos sob medida, o tempo de entrega está levando mais de seis meses nesse período de vendas aquecidas.
A Femsa, dona da Kaiser e distribuidora Coca-Cola, fez um planejamento para aumentar a sua frota em 30% neste ano, já imaginando um aquecimento das vendas. Começou a fazer os pedidos no primeiro semestre. Mas só recebeu 50% das encomendas até agora. "Tivemos que fazer uma reengenharia logística completa para atender o pico de demanda e conseguir continuar entregando 98% dos pedidos em até 24 horas", diz Paulo Macedo, diretor de relações externas do Mercosul da Femsa.
Normalmente, a partir do dia 20 de dezembro, a Femsa começa a fazer entregas aos domingos para atender a demanda de Natal e Ano Novo. Este ano, porém, a empresa antecipou as entregas de domingo para o início do mês. Outra medida tomada para compensar a falta dos novos caminhões foi o aumento de um turno no carregamento. Os caminhões que saem de manhã para voltar ao final do dia estão voltando no meio da tarde para serem recarregados - o que implica em um aumento de custo com combustível, pneu e as horas extras dos trabalhadores envolvidos no processo. "O aumento do gasto é compensado com a elevação das vendas", diz Macedo.
A líder de mercado AmBev também enfrenta esse gargalo. Este ano, a companhia, que normalmente faz as encomendas de novos caminhões em junho, antecipou os pedidos para maio. As vendas começam a ficar mais aquecidas a partir de setembro. "Já prevendo um aquecimento forte das vendas, projetamos um aumento da frota de 15% para este ano", diz Gustavo Albuquerque, diretor de logística. Até agora, a empresa recebeu 85% da encomenda feita - os 15% que faltam correspondem a 2% da frota total. "Mas como havíamos pedido mais caminhões do que o aumento previsto no volume, não estamos tendo problemas de entrega", diz.
No caso da AmBev, a compra de caminhões diz respeito à distribuição própria, que responde por cerca de 50% do volume da companhia. A outra metade é feita por distribuidores, que administram a frota e as compras. A cervejaria tem elevado a distribuição própria nos últimos anos.
Depois de uma alta de 6,5% no ano passado, a previsão do Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria de Cerveja) é crescer 7,5% este ano, o que significa um incremento de cerca de 600 milhões de litros. Com o aumento da renda, o ano deve fechar com uma produção próxima a 10 bilhões de litros.
O verão é o pico de vendas de cerveja. Concentra boa parte das vendas e é o momento das grandes campanhas publicitárias do setor. Os meses de outubro a fevereiro correspondem a cerca de 40% do volume de vendas do ano. E, para o mercado de cervejas, dezembro - cujas vendas dobram em relação a julho, o mês mais fraco - é mais importante do que o Carnaval devido ao 13º salário e por concentrar duas datas importantes muito próximas, Natal e Ano Novo. O Carnaval tem um aumento mais regional das vendas e são apenas quatro dias.

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