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domingo, 11 de janeiro de 2009

Líder não responde, PERGUNTA!

Paulo Angelim

Já contabilizei 1516 comparações entre chefes e líderes. Você pode até achar que uma analogia a mais não fará a menor diferença, certo? ERRADO! Deixe-me explicar porquê. Identificar o chefe e o líder pela forma como eles tratam as dúvidas decorrentes de eventos não programados pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento profissional de líderes e liderados.
Primeiramente, vamos imaginar uma situação corriqueira nas empresas. O colaborador está com uma dúvida sobre qual a melhor solução para um problema não usual surgido em seu departamento, e se dirige ao superior em busca da resposta correta. Pois bem, se o superior der sua resposta “na bucha”, não duvide, você está diante de um chefe. Chefe é uma espécie que acredita que sua função é garantir que seu conhecimento e experiência estejam a serviço do bom andamento do departamento. E o pior: eles acreditam que estão ali para responder, porque só eles sabem. Sem suas respostas, sem o seu conhecimento e sua experiência o trem pára.
Por outro lado, se o superior ao invés de responder a questão do colaborador, questioná-lo sobre o que ele pensa, ou o que ele já explorou e concluiu sobre o assunto, certamente você estará diante de alguém com postura de líder. Ele pode até não ter as outras qualidades inerentes à comenda de líder, mas tem o cacoete de um. Aceito que você pense ser uma avaliação simplista. Mas não é.
Veja bem. É corrente e consenso que o líder tem a grande missão de desenvolver o potencial de seus liderados, capacitando-os a enfrentarem novos desafios, e estimulando-os a quebrarem os paradigmas existentes, em busca de saltos quânticos nos resultados da organização (parece que estou ouvindo o discurso de algum CEO). Ora, como é que o líder vai conseguir isso se não colocar os colaboradores para pensar, para se questionar. Dar aos liderados respostas prontas para problemas e questões do dia-a-dia é inibir a capacidade de raciocínio dos mesmos, é transformá-los em máquinas programáveis, é limitar, necrosar, enjaular suas mentes. Só o desafio do pensar leva as pessoas a estabelecerem novas conexões neurais, a expandirem seus horizontes, a usarem sua imaginação. E um líder somente conseguirá isso se, através de perguntas, desenvolver o hábito de fazer seus liderados refletirem.
E porque muitos superiores preferem dar respostas prontas? Das três uma: porque não compreenderam seu verdadeiro papel de desenvolvedores de talento; porque soberbamente acham que respondendo estão assegurando que são imprescindíveis dentro da organização, afinal têm resposta para tudo (pura tolice e perda de tempo!); ou porque se portar como um mestre realmente dá muito trabalho, é didático demais, quase professoral.
Desculpe-me os que não são afeitos à idéia, mas é exatamente essa a posição de um líder: mestre. Só que o líder não é um mestre “de obras”, que usa sua experiência e conhecimento para “ensinar” seus subordinados a “fazer”. Um grande líder, semelhantemente a um verdadeiro mestre do “saber”, ensina seus cooperadores a “aprender”. E isso só acontece se o líder levar seus colaboradores a refletirem sobre o que se vê, para imaginarem por conta própria o que não se vê.
Resumo da ópera: Quer ser um líder? Não hesite: pergunte mais, responda menos.
* Paulo Angelim é consultor em Marketing, Vendas e Responsabilidade Pessoal.
http://www.pauloangelim.com.br

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