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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Você está preparado para o marketing com consciência?

Por Simone Farah*
A hipótese de um inconsciente coletivo pertence aquele tipo de conceito que a princípio o público estranha, mas logo dele se apropria, passando a usá-lo como uma representação corrente. – Carl Gustav Yung ("Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo")
Carl Jung acreditava que um inconsciente coletivo move os seres humanos na direção de um princípio maior. Em diferentes épocas, pequenos grupos de pessoas deram início a grandes movimentos e transformaram a sociedade. Atualmente, podemos identificar uma mudança de comportamento e visualizar a transformação do pensamento da massa para um tema mundial: a sustentabilidade. Um número cada vez maior de pessoas vivencia essa mudança de consciência e transmite a outros, que transmitem a outros e juntos formam uma massa crítica em busca de um novo sistema que possibilite esse modelo de vida.
Muitos resumem sustentabilidade a condições ecoambientais simplesmente, mas o conceito envolve muito mais que apagar as luzes, economizar água e reciclar embalagens. Sustentabilidade é garantir que uma nova consciência guie todas as atitudes da vida. O consumo de produtos e serviços está definitivamente afetado por essa nova perspectiva da vida. Nesse momento surge a questão: as empresas estão preparadas para adotar uma postura consciente?
Uma postura consciente no mercado definirá quem irá permanecer nele nos próximos anos. As empresas devem reestruturar as atividades de produção, vendas e marketing para alcançar o que o consciente coletivo já demanda hoje. Muitas empresas incorporaram a postura consciente no gene central de sua estrutura, mas a maioria usa táticas vazias de sustentabilidade que não enganam mais o consumidor.
Não adianta dizer que o produto é ecológico só porque a embalagem é verde e feita com papel reciclado; é preciso provar, com dados científicos, verdadeiros e críveis. Na Europa e nos Estados Unidos são cada dia mais comuns os boicotes a produtos com campanhas verdes que abusam de informações não verdadeiras, não entregam o que prometem em termos de benefícios socioambientais ou revelam incoerências gritantes entre discurso e prática.
Não só as empresas devem seguir essa postura. Agências de comunicação também têm um papel fundamental nesse processo, já que são responsáveis por divulgar produtos, serviços e intenções. A postura consciente deve fazer parte de todo o planejamento estratégico e de comunicação, sugerindo ações que tenham o menor impacto ambiental e social possível.
Como conseguimos isso? Com ações criativas que envolvem a internet, o telemarketing "educado e não-invasivo", o marketing de permissão, uma estrutura que minimize o impacto dos transportes (emissão de poluentes), o respeito às crenças individuais e ao modo de vida estabelecido daqueles que recebem a comunicação. Por exemplo: é muito mais econômico e sustentável comunicar um bairro da abertura de um restaurante que uma cidade toda.
Freqüentar um restaurante perto de sua casa ou trabalho consome menos combustível no deslocamento e fomenta o comércio da sua região; duas atitudes conscientes. Foi o que fizeram o restaurante Viena, na abertura de sua loja na Vila Olímpia, e o Ráscal, no Itaim, ambos em São Paulo. Através de uma ação de marketing direto e telemarketing direcionado, pessoas que moram ou trabalham nos bairros próximos foram informadas da abertura e em poucos dias os restaurantes já estavam sempre cheios.
O Ráscal é um bom exemplo de empresa consciente. Faz coleta de lixo seletivo nas cozinhas e tem um programa anti-desperdício de alimentos. Com atitudes pontuais e relevantes ao core business, qualquer empresa é capaz de ajustar sua estrutura de negócios para se tornar uma empresa consciente e lucrativa.
As marcas no século XXI construirão sua base sobre três pilares: social, econômico e ambiental. É preciso fixar este tripé no chão antes de tirar a foto, e quem não o fizer corre o risco de ter sua imagem borrada. Diminuir o impacto na sociedade e no meio ambiente resultará em duas coisas importantíssimas para as empresas: lucro e valor de marca. Mas cuidado! Dose suas ações, não acredite em tudo que dizem e não seja um eco-chato, ou poderá ficar isolado em uma ilha perdida no oceano.
Jung também dizia que a sincronicidade afeta toda a sociedade. Às vezes tendemos a achar que é coincidência reencontrar aquele amigo de faculdade que gosta de natureza, recicla o lixo e trabalha em um projeto social, justamente no momento em que você pensa nesse assunto, mas saiba que talvez o encontro não tenha sido mera coincidência, pois coincidências, como você já sabe, não existem.
*Simone Farah é diretora de criação da agência Ambiente de Criação. E-mail: anexo@ambientedecriacao.com.br

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