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segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Redes do Nordeste preparam reação a novos competidores

Valor Econômico
Depois de assistir à chegada de diversas concorrentes a seu território, as redes varejistas do Nordeste estão se armando para o contra-ataque. Em pouco mais de um ano, diversas cadeias, como Lojas Renner, Ponto Frio, Leader e até a mexicana Elektra, anunciaram sua entrada na região, por cidades como Salvador, Aracaju, Recife e Fortaleza. Essas companhias estão sendo atraídas principalmente pelo crescimento do consumo nordestino.
Agora, atentas aos passos da concorrência, algumas empresas locais começam a acelerar seus planos de expansão e a traçar estratégias para se defender dos novos competidores.
A Lojas Maia, que conta com 132 lojas de eletrodomésticos no Nordeste, irá abrir 13 pontos-de-venda no Piauí e no Maranhão até o fim do ano. Eram os dois únicos Estados que faltavam para a cadeia cobrir toda a região.
Além disso, desde o ano passado a varejista está acelerando o ritmo de abertura de novas lojas, com 40 unidades por ano. Isso representa um investimento anual de aproximadamente R$ 30 milhões.
"O Nordeste ainda oferece mercado para todo mundo, mas cada um tem de cuidar de já encontrar o seu espaço", diz Marcelo Maia, diretor comercial da Lojas Maia.
A Esplanada, rede com 30 lojas que vende roupas e calçados, já está presente em todo o Nordeste. Por isso, seus planos para 2008 incluem a estréia na região Norte. "No ano que vem, abriremos dez novas lojas, chegando ao Norte do país, cobrindo pelo menos todas as capitais", afirma o diretor comercial Ronaldo Otoch.
O executivo quer se armar para brigar com duas empresas que estão capitalizadas, com ações cotadas em bolsa, caso de Renner e Riachuelo, e com uma gigante mundial, a C&A. Mas, pelo menos por enquanto, hoje, em número de lojas, a Esplanada é maior no Nordeste do que as três líderes nacionais. A C&A possui 28 unidades; a Lojas Renner, oito; e a Riachuelo 19.
Ao mesmo tempo em que planeja crescer para novas áreas, a Esplanada também está utilizando outras táticas para enfrentar a concorrência. Decidiu modernizar a aparência das lojas, que estão sendo reformadas. Além disso, para criar uma nova identidade, a Esplanada contratou como garota-propaganda a atriz global e ex-Big Brother Grazi Massafera, para atrair o público com uma figura conhecida das telinhas. Ela está em campanhas na televisão, no cinema, em revistas e jornais.
Além disso, passou a desenvolver uma linha de roupas mais voltada para moda, seguindo o estilo das grandes cadeias nacionais. Uma área de desenvolvimento passou a ficar responsável pela criação dos modelos.
"As redes que chegaram ao Nordeste são muito grandes e ficam muito bem localizadas nas cidades. Precisamos nos defender", explica Marcus Bermejo, diretor de compras da Esplanada. "Por outro lado, conta a nosso favor o fato de ser da região, saber o que o cliente usa. Isso dá mais agilidade", pondera.
Para Carlos Alberto Miranda, líder da área de mercados em crescimento da Ernst & Young, o tempero local pode sim contar a favor das cadeias nordestinas. "Quem é de fora pode demorar muito tempo para absorver a cultura em novas regiões", afirma ele.
No entanto, o executivo pondera que esse não é o único fator a pesar no desempenho das varejistas. "Veremos muitas empresas nordestinas sendo adquiridas por redes do Sul e Sudeste porque elas estão muito capitalizadas", diz.
Devem passar incólumes desse processo, na avaliação de Miranda, companhias que já sejam de grande porte. "Essas também devem se transformar em compradoras de cadeias menores, atuando como consolidadores locais do varejo."
Mas mesmo empresas menores estão começando a chegar a outros Estados do Nordeste. É o caso da loja de materiais de construção Ferreira Costa, com duas unidades em Pernambuco. Agora, a empresa está preparando sua ida para Salvador.
A rede de produtos para casa Jurandir Pires, com quatro lojas no Recife, decidiu partir este ano para Salvador, onde já abriu uma loja, e para Aracaju, onde terá a primeira unidade em dezembro. Agora, já avalia inaugurar mais duas lojas na capital baiana e a possibilidade de ir a outros Estados, como a Paraíba. "Antes que alguém ocupe este espaço, precisamos preenchê-lo", afirma Fábio Pires, diretor comercial da Jurandir.

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