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domingo, 3 de agosto de 2008

Academia de ginástica engorda receita com marketing

Valor Econômico
Suar uma aula inteira de "spinning" patrocinada pelo desodorante Rexona. Fixar os adesivos de Elsève L'Oréal no teto da sala de musculação, enquanto se conta os abdominais. Dar de cara com uma degustação de macarrão integral da Adria logo na recepção. Assistir na TV acoplada à esteira o anúncio do lançamento imobiliário da Yunys. Academias de ginástica de alto padrão em todo o Brasil estão sendo invadidas pelas marcas de grandes anunciantes. A receita com essas ações ainda é marginal - entre 1% e 1,5% do faturamento total das empresas de fitness -, mas não existia há dois anos.
Na cidade de São Paulo, principal mercado de academias de ginástica no país, esse recurso tem sido especialmente aproveitado pelos anunciantes depois da lei Cidade Limpa, que proíbe outdoors, entre outras restrições, e da lei de promoção, que não permite distribuição de folhetos nas ruas.
Para as academias, é uma ótima notícia. "Acabamos de instalar 60 TVs de plasma de 42 polegadas em toda a nossa rede só para merchandising, intercalado com informações sobre clima, mercado financeiro e esportes", diz Richard Bilton, diretor presidente da Companhia Athlética, dona de 13 unidades em sete Estados brasileiros. Segundo Bilton, existe muita demanda por merchandising na rede. "Acreditamos que, dos atuais 1%, a receita com esse tipo de ação passe a significar 5% pelo menos dentro de dois anos", afirma Bilton. A rede tem quase 30 mil alunos, que desembolsam aproximadamente R$ 300 por mês cada um.
Para isso, a Companhia Athlética conta com agências especializadas na venda de mídia "indoor" (no interior dos ambientes). Uma das principais no segmento de academias de ginástica é a Mídia em Foco, de São Paulo. "Estamos hoje em 320 academias em todo o país, a maioria delas com contratos exclusivos", diz Roger Grimblat, sócio da Mídia em Foco. Segundo ele, o preço das ações pode variar de R$ 1,5 mil (um dia de distribuição de amostras em uma academia de alto padrão) até R$ 7 mil, preço médio mensal para colar adesivos em armários nos vestiários das academias. Estas representam quase 50% da receita da Mídia em Foco, não revelado.
"As marcas querem se associar cada vez mais às idéias de saúde, beleza e bem-estar, além de falar com público bastante selecionado, em geral de alto poder aquisitivo, e que está em um momento de maior relaxamento, propício para assimilar uma mensagem publicitária", diz Grimblat, ressaltando que evita colocar mais de uma ação ao mesmo tempo em uma academia, para que a iniciativa não seja considerada invasiva.
Na opinião de Bruna Bergemann, gerente de produto de Elsève, na L'Oréal, além de ir direto ao público-alvo da marca, as ações nas academias são uma grande chance de degustação imediata do produto. "A consumidora pode aplicar o produto nos cabelos na hora", afirma Bruna, que também vê vantagens em relação ao custo da ação. "A distribuição de um milhão de amostras, por exemplo, sai 46% mais barata do que o anúncio em revista, em que o produto é encartado", diz a gerente de L'Óreal.
Para a incorporadora de alto padrão Yunys, interessa falar direto com o público nas imediações dos empreendimentos. A empresa mantém uma ação de merchandising em academias do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, onde está o empreendimento Montblanc, lançado em parceria com a Gafisa - cujos apartamentos estão avaliados em R$ 1,2 milhão. "Uma recepcionista na academia não aborda os clientes, mas distribui folhetos e entrega brindes, como toalhas e garrafinhas", diz Cristina Lacerda, diretora de marketing e vendas da Yuny. A próxima ação da incorporadora nas academias será na região do Ibirapuera, em São Paulo, com inserção do filme da Yunys nas TVs das esteiras.
Quem também tem novidades é a marca Ades, da Unilever. A bebida à base de soja estará em 100 unidades em agosto em sete Estados, com a oferta de café da manhã, aulas e atividades exclusivas, além de distribuir kits com massageadores, mochilas e camisetas.
Oportunidades de mídia não faltam nas academias. Na Bio Ritmo, dona de 16 unidades próprias e três franquias, a novidade será a oferta de espaço nos uniformes dos 800 funcionários. A empresa tem 28 mil alunos e faturou R$ 30 milhões em 2007. "Dentro de um mês teremos três patrocinadores para os uniformes, o nome das salas e a assinatura de algumas paredes das academias", diz o seu presidente Edgard Corona. "A receita ainda é pouco - 1,4% do faturamento deste ano, previsto em R$ 40 milhões - mas é suado conseguir isso em matrículas", comenta.
A Contours começou neste ano contratos com Nestlé, Gold e, L'Oréal "e a demanda vem crescendo", diz Cassiano Ximenes, master franqueado da marca americana no Brasil, que propõe um método de 30 minutos de treinamento diário. "Mulheres adoram novidades e as ações de degustação costumam ser muito bem-vindas, diz ele, que conta com 14 mil alunos e deve faturar este ano R$ 25,5 milhões. Mas o que está mesmo encantando é o serviço adicional oferecido pela casa: drenagem linfática, que já representa 20% da receita total.

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