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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Foi-se. Subtraia um talento da sua empresa!

Antonio Luiz Mendes Almeida Jr.

Nos dias de hoje, com o incremento da concorrência em torno dos melhores, dos verdadeiros talentos humanos, os gestores e executivos, invariavelmente, passam pelo mesmo triste ritual, o da despedida de um funcionário precioso. Para os que desenvolveram suas equipes, articularam seu entrosamento, investiram na formação dos seus talentos, é um momento, no mínimo, muito estranho e decepcionante. A sensação é similar à da derrota quando o seu time estava atacando, bem estruturado, arquitetando jogadas de efeito, passes precisos e a perspectiva de aplicar uma goleada no adversário. Repentinamente, surge do nada um atacante do outro time e pimba! Golaço, de bicicleta, finalmente cai a ficha, seu time está perdendo, não há mais tempo para reação...Já era, foi-se.
Em geral, as organizações tentam, em vão, desorganizadas, sem plano de jogo, digo, usando a tática do milho para as galinhas, todo mundo correndo e procurando o gol. A intenção principal dos gestores consiste de alguma forma em encontrar mecanismos para procurar confundir a cabeça do talento assediado. É dizer o quanto o atacante é importante para o conjunto, que não se deseja a sua saída e que os dirigentes tentarão lutar até o fim para mantê-lo no time. Fala-se que jamais será encontrado um jogador como ele bem como se mente sobre outras coisas... Novidade é sempre uma bela novidade, o ruim é que deixa de o ser bem rápido, um novo ciclo se inicia, quando outro termina. Nunca demora muito a acontecer. Não adianta se iludir com as seduções das perspectivas de mudança, pois em breve, o que não se percebeu na entrevista de seleção, não tardará a aparecer, azedando aquela imagem perfeita.
Nessas horas, um monte de coisas agita a cabeça dos talentos. O desejo de algo novo, diferente, mudar de ar. Novas perspectivas, não sei porque, são geralmente fantásticas e irrecusáveis. Financeiramente são sempre melhores. Como todos os jogadores, os talentos também desejam realizar sua “independência financeira”, coincidência ou não, vislumbrada em outro ambiente que não no atual. Idealizam-se os sonhos mais bonitos, imaginam-se sentados em uma mesa nova, sem aquele arranhão da gaveta atual, um novo e mais potente computador, o carpete, sem dúvida, será mais limpo que o recém colocado na empresa, que, aliás, a essa altura, já deve estar mais encardido do que jamais se percebeu antes. Fatores como esses podem ocupar centenas de páginas e listas infindáveis que os talentos formulam para se convencerem de que é a melhor coisa a fazer. No fundo, como dizem, a grama do vizinho é mais verde. Não tem jeito, é uma verdade inegável, temos de aprender a conviver com isso.
As organizações devem buscar mecanismos que permitam motivar, desafiar e reter seus talentos ao longo do jogo empresarial. Não adianta correr atrás do placar quando já se está perdendo o jogo. Por que não avançar antes e tentar marcar os gols? Por que esperar para ver o que o outro fará? As pessoas e empresas costumam atuar habitualmente de maneira reativa, buscam mudanças e soluções milagrosas em momentos em que simplesmente não cabe este tipo de ação. Não deveríamos aprender com os erros e mudar como diz o ditado popular? Por que não conseguimos empregar este singelo pensamento?
É inevitável. Em geral, o índice de retenção de um talento que foi assediado é mínimo, por diversas razões e nobres desculpas. Sabedores disso, mais um bom motivo para não esperarmos o tempo passar, vamos atuar agora, o momento é esse. Reflita, o que você tem feito para tornar a sua empresa e seus talentos humanos mais felizes com o trabalho deles? Quando esses talentos vão embora, vem o recomeçar, vem a sensação de perda e de decepção, desenvolvemos uma postura contrária à pessoa, nada mais que ela tenha a dizer depois de anunciada a possível mudança nos interessa ouvir, descartamos tudo imediatamente. No fundo, começamos a procurar outra pessoa, mentalmente, apesar das tentativas de resgatar a permanência do talento. É como se colocássemos uma divisão intransponível, antes e depois do anúncio da saída. Aonde chegaremos com essa atitude? Não parece mais óbvio desenvolvermos atividades e ações que incentivem a satisfação e compromisso do talento com a organização? Se sim, por que não o fazemos?!
De fato, se as empresas não conseguem recuperar um talento que está em vias de seguir outro rumo, pelo menos podem tentar atrasar sua saída...Quando a morte é inevitável, a melhor coisa é garantir a dignidade e a relação profissional. Se assim for, respeita-se a colocação do jogador, digo, do talento, muda-se de posição, assumimos o nosso lugar nas arquibancadas da vida corporativa e passamos a aplaudir e desejar o melhor nos próximos jogos. Nunca se sabe quando voltaremos a jogar com esse time ou contra o mesmo adversário. Ganhar todos os jogos é muito bom. Chegar à final em todos os campeonatos é muito mais. As vitórias e títulos são conseguidos com cooperação e trabalho de equipe liderado com inspiração e competência.
A prática traz a perfeição, vamos parar de falar e reagir ao sabor dos acontecimentos. Pratiquemos constantemente a excelência no ambiente de trabalho, o respeito pelos valores e expectativas dos talentos, desenvolvamos verdadeiras oportunidades de carreira, treinemos, conversemos e comuniquemos em todos os instantes, realizando uma verdadeira gestão participativa, entre vários outros aspectos.
Se não podemos equiparar propostas financeiras, produzamos um ambiente profissional tão saudável e cativante, que será difícil dar as costas para isso. Quanto vale este ambiente? Talvez não compense ganhar mais financeiramente em detrimento de um ambiente de trabalho não tão saudável e cativante, ou não? Vamos refletir e, imediatamente, agir. Precisamos voltar a campo, ensaiar e praticar, o campeonato já está recomeçando.

Antonio Luiz M. Almeida Jr
Diretor da Escola Superior Candido Mendes,Universidade Candido Mendes.e-mail: aluizjr@candidomendes.br

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