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domingo, 8 de abril de 2007

O inacreditável estado dos carros que rodam na periferia e seus incríveis motoristas

Por Henrique Skujis

Enquanto meus ouvidos se esforçam para separar o rap e a música gospel que tomam conta de uma esquina em Parada de Taipas, na zona norte de São Paulo, observo os carros que rodam pelas ruas do bairro। Passa uma Brasilia caindo aos pedaços. Vem um Corcel I cambaleando. Vai uma Variant que virou picape. Volta um Fusca soltando espoletas pelo escapamento. Até surge um ou outro carro com menos de duas décadas de vida. A maioria esmagadora, no entanto, remete aos idos dos anos 70 e 80. São carros enferrujados, amassados, tortos, sem a menor condição de segurança. Andam porque seus donos improvisam, insistem, precisam deles. Amarram o pára-choque com fios de cobre. Abrem a janela com chave de fenda. Substituem o vidro por plástico. Fazem de uma garrafa um tanque de combustível. Remexem na fiação. Usam o pneu até aparecer a malha de aço.

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