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segunda-feira, 16 de abril de 2007

Ranking de bancos brasileiros pode ter novo líder com venda do ABN


Por João Sandrini


EXAME


Além de ser considerada uma das maiores aquisições da história do sistema financeiro mundial, a venda do banco holandês ABN Amro pode provocar profundas mudanças no ranking dos maiores bancos privados brasileiros e até mesmo colocar pela primeira vez uma instituição financeira estrangeira no topo da lista. O ABN Amro, que no Brasil controla o Banco Real, já iniciou negociações para sua venda por decisão de muitos acionistas. A instituição enfrenta problemas principalmente na Holanda, mas, segundo publicaram diversos jornais estrangeiros nas últimas semanas, desperta o interesse de diversos bancos. Na lista de interessados costumam aparecer o britânicos Barclays e HSBC, os americanos Citibank e Bank of America e também um consórcio formado pelo espanhol Santander, o escocês Royal Bank of Scotland e o belgo-holandês Fortis. Oficialmente o banco estabeleceu negociações exclusivas que poderiam levar a sua venda para o britânico Barclays. Essa exclusividade deveria durar até o dia 18 de abril. No entanto, na última sexta-feira, o ABN admitiu que já recebeu uma carta em que o consórcio de três bancos pede a abertura de "conversas exploratórias". Como a oferta inicial do Barclays não agradou muito os acionistas do ABN e o consórcio promete pagar mais, já parece não haver mais um interessado em vantagem e o negócio tornou-se bastante imprevisível.
Caso progridam as negociações com o consórcio, o banco espanhol poderia alcançar o topo do ranking brasileiro de bancos privados. Segundo analistas, dentre os três membros do consórcio o Santander tem interesse em ficar com as operações da ABN no Brasil e na Itália. O Royal Bank of Scotland ficaria com o LaSalle Bank, maior instituição financeira de Chicago e forte no meio-oeste americano. Já a parte do ABN que caberia ao Fortis seriam as operações na Holanda. No Brasil, o Santander Banespa, quarto maior banco privado do Brasil, incorporaria o ABN-Real, terceiro do ranking, e passaria a ter ativos de R$ 221,285 bilhões, segundo números do Banco Central. Esse valor é suficiente para colocá-lo à frente do atual líder Bradesco (R$ 213,302 bilhões) e do vice Itaú (R$ 205,156 bilhões). Mesmo com o intenso investimento estrangeiro no setor financeiro, principalmente durante a década de 90, os dois bancos nunca tiveram suas posições ameaçadas por instituições de outros países. Para Luís Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, a venda do Real ao Santander geraria sobreposição de agências e obrigaria o banco espanhol a cortar estrutura e empregos redundantes. Por outro lado, o Santander, que cresceu no Brasil principalmente com a aquisição do Banespa em leilão realizado em 2000, expandiria expressivamente sua carteira de crédito para compra de veículos e imóveis e também o número de clientes pessoa jurídica, áreas em que o Real sempre foi bastante forte. "O Santander errou no passado ao deixar de lado esse segmento de pessoa jurídica, que poderia ter explorado melhor quando comprou o banco Noroeste", afirmou ele. Agora os espanhóis podem ter uma nova chance.
O Itaú, entretanto, também pode ser beneficiado com a venda do ABN. Um dos interessados no banco holandês é o Bank of América, maior acionista estrangeiro do Itaú. Como o banco americano nunca demonstrou grande interesse pelo Brasil e vendeu suas participações no BankBoston na maior parte da América Latina, o mais provável é que nesse cenário o Itaú ficasse com o Real. Caso essa hipótese se concretize, o banco controlado pela família Setubal passaria a ter R$ 324,316 bilhões em ativos no Brasil e superaria até mesmo o Banco do Brasil (R$ 296,356 bilhões). No ranking divulgado em setembro do ano passado pelo Banco Central, o Itaú chegou a ultrapassar o Bradesco e tornar-se o maior banco privado brasileiro. A liderança, entretanto, foi recuperada três meses depois. Dificilmente o Itaú voltaria a ser ultrapassado se conseguisse concretizar a aquisição do Real. O analista Luís Santacreu alerta, no entanto, que o Itaú seria o potencial comprador com maiores despesas para o desmanche de atividades redundantes. O banco também já possui linhas de financiamento externo via Bank of America.
No caso de HSBC, Barclays ou Citibank comprarem o ABN, ele acredita que haveria o maior aproveitamento da estrutura atual do Real. Para o Citibank, seria interessante passar a ter uma grande rede de varejo no Brasil , um objetivo que o banco americano nunca escondeu ter. O Citibank , entretanto, caiu nas bolsas de apostas após a divulgação de que também assessora o Barclays em sua oferta, o que representa um obstáculo a sua participação direta no negócio. Já o HSBC poderia pela primeira vez ter fortes índices de crescimento no Brasil caso fique com o Real. O banco comprou o Bamerindus na década de 90, mas levou muito tempo para recuperá-lo. Apesar de possuir uma rede de agências igual à do Unibanco, tem ativos 40% menores. Já o Barclays é apenas o 41° maior banco do país e praticamente ingressaria em um novo mercado.
O ABN Amro tem operações em 53 países e valor de mercado de US$ 86 bilhões. Os holandeses compraram o Banco Real em 1998 por US$ 2 bilhões. No final do ano passado, a instituição tinha 31 mil funcionários e 1.095 agências. O lucro líquido alcançou R$ 2 bilhões em 2006, uma alta de 43% sobre o ano anterior.
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