Ranking de bancos brasileiros pode ter novo líder com venda do ABN
Por João Sandrini
EXAME
Além de ser considerada uma das maiores aquisições da história do sistema financeiro mundial, a venda do banco holandês ABN Amro pode provocar profundas mudanças no ranking dos maiores bancos privados brasileiros e até mesmo colocar pela primeira vez uma instituição financeira estrangeira no topo da lista. O ABN Amro, que no Brasil controla o Banco Real, já iniciou negociações para sua venda por decisão de muitos acionistas. A instituição enfrenta problemas principalmente na Holanda, mas, segundo publicaram diversos jornais estrangeiros nas últimas semanas, desperta o interesse de diversos bancos. Na lista de interessados costumam aparecer o britânicos Barclays e HSBC, os americanos Citibank e Bank of America e também um consórcio formado pelo espanhol Santander, o escocês Royal Bank of Scotland e o belgo-holandês Fortis. Oficialmente o banco estabeleceu negociações exclusivas que poderiam levar a sua venda para o britânico Barclays. Essa exclusividade deveria durar até o dia 18 de abril. No entanto, na última sexta-feira, o ABN admitiu que já recebeu uma carta em que o consórcio de três bancos pede a abertura de "conversas exploratórias". Como a oferta inicial do Barclays não agradou muito os acionistas do ABN e o consórcio promete pagar mais, já parece não haver mais um interessado em vantagem e o negócio tornou-se bastante imprevisível.
Caso progridam as negociações com o consórcio, o banco espanhol poderia alcançar o topo do ranking brasileiro de bancos privados. Segundo analistas, dentre os três membros do consórcio o Santander tem interesse em ficar com as operações da ABN no Brasil e na Itália. O Royal Bank of Scotland ficaria com o LaSalle Bank, maior instituição financeira de Chicago e forte no meio-oeste americano. Já a parte do ABN que caberia ao Fortis seriam as operações na Holanda. No Brasil, o Santander Banespa, quarto maior banco privado do Brasil, incorporaria o ABN-Real, terceiro do ranking, e passaria a ter ativos de R$ 221,285 bilhões, segundo números do Banco Central. Esse valor é suficiente para colocá-lo à frente do atual líder Bradesco (R$ 213,302 bilhões) e do vice Itaú (R$ 205,156 bilhões). Mesmo com o intenso investimento estrangeiro no setor financeiro, principalmente durante a década de 90, os dois bancos nunca tiveram suas posições ameaçadas por instituições de outros países. Para Luís Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, a venda do Real ao Santander geraria sobreposição de agências e obrigaria o banco espanhol a cortar estrutura e empregos redundantes. Por outro lado, o Santander, que cresceu no Brasil principalmente com a aquisição do Banespa em leilão realizado em 2000, expandiria expressivamente sua carteira de crédito para compra de veículos e imóveis e também o número de clientes pessoa jurídica, áreas em que o Real sempre foi bastante forte. "O Santander errou no passado ao deixar de lado esse segmento de pessoa jurídica, que poderia ter explorado melhor quando comprou o banco Noroeste", afirmou ele. Agora os espanhóis podem ter uma nova chance.
O Itaú, entretanto, também pode ser beneficiado com a venda do ABN. Um dos interessados no banco holandês é o Bank of América, maior acionista estrangeiro do Itaú. Como o banco americano nunca demonstrou grande interesse pelo Brasil e vendeu suas participações no BankBoston na maior parte da América Latina, o mais provável é que nesse cenário o Itaú ficasse com o Real. Caso essa hipótese se concretize, o banco controlado pela família Setubal passaria a ter R$ 324,316 bilhões em ativos no Brasil e superaria até mesmo o Banco do Brasil (R$ 296,356 bilhões). No ranking divulgado em setembro do ano passado pelo Banco Central, o Itaú chegou a ultrapassar o Bradesco e tornar-se o maior banco privado brasileiro. A liderança, entretanto, foi recuperada três meses depois. Dificilmente o Itaú voltaria a ser ultrapassado se conseguisse concretizar a aquisição do Real. O analista Luís Santacreu alerta, no entanto, que o Itaú seria o potencial comprador com maiores despesas para o desmanche de atividades redundantes. O banco também já possui linhas de financiamento externo via Bank of America.
No caso de HSBC, Barclays ou Citibank comprarem o ABN, ele acredita que haveria o maior aproveitamento da estrutura atual do Real. Para o Citibank, seria interessante passar a ter uma grande rede de varejo no Brasil , um objetivo que o banco americano nunca escondeu ter. O Citibank , entretanto, caiu nas bolsas de apostas após a divulgação de que também assessora o Barclays em sua oferta, o que representa um obstáculo a sua participação direta no negócio. Já o HSBC poderia pela primeira vez ter fortes índices de crescimento no Brasil caso fique com o Real. O banco comprou o Bamerindus na década de 90, mas levou muito tempo para recuperá-lo. Apesar de possuir uma rede de agências igual à do Unibanco, tem ativos 40% menores. Já o Barclays é apenas o 41° maior banco do país e praticamente ingressaria em um novo mercado.
O ABN Amro tem operações em 53 países e valor de mercado de US$ 86 bilhões. Os holandeses compraram o Banco Real em 1998 por US$ 2 bilhões. No final do ano passado, a instituição tinha 31 mil funcionários e 1.095 agências. O lucro líquido alcançou R$ 2 bilhões em 2006, uma alta de 43% sobre o ano anterior.
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Caso progridam as negociações com o consórcio, o banco espanhol poderia alcançar o topo do ranking brasileiro de bancos privados. Segundo analistas, dentre os três membros do consórcio o Santander tem interesse em ficar com as operações da ABN no Brasil e na Itália. O Royal Bank of Scotland ficaria com o LaSalle Bank, maior instituição financeira de Chicago e forte no meio-oeste americano. Já a parte do ABN que caberia ao Fortis seriam as operações na Holanda. No Brasil, o Santander Banespa, quarto maior banco privado do Brasil, incorporaria o ABN-Real, terceiro do ranking, e passaria a ter ativos de R$ 221,285 bilhões, segundo números do Banco Central. Esse valor é suficiente para colocá-lo à frente do atual líder Bradesco (R$ 213,302 bilhões) e do vice Itaú (R$ 205,156 bilhões). Mesmo com o intenso investimento estrangeiro no setor financeiro, principalmente durante a década de 90, os dois bancos nunca tiveram suas posições ameaçadas por instituições de outros países. Para Luís Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, a venda do Real ao Santander geraria sobreposição de agências e obrigaria o banco espanhol a cortar estrutura e empregos redundantes. Por outro lado, o Santander, que cresceu no Brasil principalmente com a aquisição do Banespa em leilão realizado em 2000, expandiria expressivamente sua carteira de crédito para compra de veículos e imóveis e também o número de clientes pessoa jurídica, áreas em que o Real sempre foi bastante forte. "O Santander errou no passado ao deixar de lado esse segmento de pessoa jurídica, que poderia ter explorado melhor quando comprou o banco Noroeste", afirmou ele. Agora os espanhóis podem ter uma nova chance.
O Itaú, entretanto, também pode ser beneficiado com a venda do ABN. Um dos interessados no banco holandês é o Bank of América, maior acionista estrangeiro do Itaú. Como o banco americano nunca demonstrou grande interesse pelo Brasil e vendeu suas participações no BankBoston na maior parte da América Latina, o mais provável é que nesse cenário o Itaú ficasse com o Real. Caso essa hipótese se concretize, o banco controlado pela família Setubal passaria a ter R$ 324,316 bilhões em ativos no Brasil e superaria até mesmo o Banco do Brasil (R$ 296,356 bilhões). No ranking divulgado em setembro do ano passado pelo Banco Central, o Itaú chegou a ultrapassar o Bradesco e tornar-se o maior banco privado brasileiro. A liderança, entretanto, foi recuperada três meses depois. Dificilmente o Itaú voltaria a ser ultrapassado se conseguisse concretizar a aquisição do Real. O analista Luís Santacreu alerta, no entanto, que o Itaú seria o potencial comprador com maiores despesas para o desmanche de atividades redundantes. O banco também já possui linhas de financiamento externo via Bank of America.
No caso de HSBC, Barclays ou Citibank comprarem o ABN, ele acredita que haveria o maior aproveitamento da estrutura atual do Real. Para o Citibank, seria interessante passar a ter uma grande rede de varejo no Brasil , um objetivo que o banco americano nunca escondeu ter. O Citibank , entretanto, caiu nas bolsas de apostas após a divulgação de que também assessora o Barclays em sua oferta, o que representa um obstáculo a sua participação direta no negócio. Já o HSBC poderia pela primeira vez ter fortes índices de crescimento no Brasil caso fique com o Real. O banco comprou o Bamerindus na década de 90, mas levou muito tempo para recuperá-lo. Apesar de possuir uma rede de agências igual à do Unibanco, tem ativos 40% menores. Já o Barclays é apenas o 41° maior banco do país e praticamente ingressaria em um novo mercado.
O ABN Amro tem operações em 53 países e valor de mercado de US$ 86 bilhões. Os holandeses compraram o Banco Real em 1998 por US$ 2 bilhões. No final do ano passado, a instituição tinha 31 mil funcionários e 1.095 agências. O lucro líquido alcançou R$ 2 bilhões em 2006, uma alta de 43% sobre o ano anterior.
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