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domingo, 15 de abril de 2007

Suíça precisa de mão-de-obra


Genebra - Renata Mota é assistente em uma financeira na milionária Genebra, Marcelo trabalha na cozinha de um restaurante universitário e Humberto Siuves é funcionário da Organização Mundial do Comércio (OMC). Apesar de terem perfis e historias diferentes, todos têm o mesmo discurso: saíram do Brasil para encontrar trabalho no exterior. As estimativas de associações de estrangeiros na Suíça apontam que existiriam cerca de 25 mil brasileiros no país de apenas 7 milhões de habitantes. Apenas 11 mil estariam no país de forma legal. Em Genebra, por exemplo, o português já é a quinta língua mais falada, também graças ao imenso número de portugueses que se mudaram para região nos anos 60 e 70. No caso dos brasileiros, a imigração se fortaleceu a partir do ano 2000 e a cidade ganhou churrascarias, grupos de capoeira, bares, lojas de produtos nacionais como pão de queijo e paçoca e até representantes das TVs Globo e Record que instalam os canais aos que não querem perder contato com o País. Em apenas 15 anos, o número de brasileiros legalmente vivendo na Suíça aumentou em quase 900%. Passou de apenas 1,2 mil em 1985 para os mais de 11 mil em 2004. Com esse fluxo, o Itamaraty foi obrigado a reabrir o consulado do Brasil na cidade, depois de anos fechado. No escritório do governo, a constatação é de que a maioria dos brasileiros na região tem como objetivo trabalhar. Renata, de 24 anos, nasceu em Barretos e com apenas 19 anos decidiu se mudar para a Europa. Já tinha o exemplo de seu tio que foi morar na Suíça. “Um dia ele me ligou dizendo que havia encontrado um emprego para mim. Em uma semana preparei tudo, larguei meu trabalho e deixei o Brasil”, disse. Em seis anos no país, já trabalhou cuidando de quatro crianças, em uma lavanderia, em um cabeleireiro e hoje está em uma empresa financeira. “Vim para trabalhar, ganhar algum dinheiro e voltar ao Brasil. Quero comprar uma casa assim que voltar”, diz. Seus planos são de abandonar a Suíça nos próximos meses e ainda passar um ano na Inglaterra. “Assim voltarei ao Brasil falando inglês e francês e com um pé de meia”, explica. Renata chegou a ser pega pela polícia e mandada de volta ao Brasil. Não desistiu e conseguiu voltar em situação regularizada. Já Humberto, de Pedro Leopoldo (MG), conseguiu um contrato na OMC depois de passar por um estágio na ONU e obter seu mestrado na Holanda em direito internacional. “Estou na OMC desde 2004 e com uma remuneração que eu não conseguiria no Brasil com minha idade”, afirmou o mineiro. Com 28 anos, Humberto está em contato direto com as negociações comerciais internacionais e que são objeto de atenção política dos principais líderes mundiais. “Dificilmente conseguiria no Brasil um trabalho similar e uma experiência como a que estou tendo”, afirmou. Assim como Renata, Humberto não esconde: quer voltar ao Brasil.
Trabalho ilegal preocupa europeus
A chegada de brasileiros para trabalhar ilegalmente na Europa está preocupando cada vez mais as autoridades da Comissão Européia. A agência responsável por lidar com a segurança nas fronteiras dos 27 países do bloco prendeu 400 brasileiros que tentaram entrar na Europa em apenas três semanas entre fevereiro e março. Segundo a agência, eles pretendiam se instalar nos países europeus para trabalhar ilegalmente, mas não foram deixados sair nem mesmo dos oito aeroportos em que foram detidos, entre eles os de Paris, Londres, Madri e Lisboa. Mas especialistas do setor trabalhista alertam que, enquanto houver emprego na Europa sendo oferecido e condições difíceis nos países latino-americanos, o fluxo continuará. O conceito de pleno emprego, que pode ser apenas um sonho para muitos países, voltou a existir na Suíça, alimentando a chegada de estrangeiros. Dados divulgados pelo governo suíço mostram que o desemprego caiu para 3%, taxa que pode ser ainda mais reduzida até o final do ano. Com uma economia que cresce graças às indústrias de ponta e ao turismo, a Suíça chega a precisar de mão-de-obra estrangeira para vários serviços, como restaurantes e hotéis, mas também nos setores mais qualificados. Na engenharia, por exemplo, há um déficit de 5 mil profissionais hoje na Suíça. A situação se contrasta com a realidade nos países em desenvolvimento. Segundo a OIT, os jovens nos países pobres são os mais afetados pelo desemprego e correm o maior risco de serem demitidos.
Desemprego no mundo atinge 190 milhões
O crescimento econômico mundial nos últimos três anos não foi suficiente para criar um volume significativo de postos de trabalho nos países em desenvolvimento. Dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que o número de pessoas sem emprego chegou a 190 milhões, contra 180 milhões há cinco anos. A entidade ainda alerta políticas macroeconômicas desenhadas apenas para manter a estabilidade da economia não serão suficientes para reduzir a desigualdade social em países como o Brasil. Nos últimos anos, a economia global chegou a crescer 5% por ano, o que não foi traduzido em um aumento nos postos de trabalho. Parte da explicação para o fenômeno é o fato de o crescimento atingir setores de ponta, que não necessitam de grande volume de mão-de-obra. “Precisamos de políticas que sejam focalizadas na criação de empregos”, afirmou Juan Somavia, diretor da OIT. Para 2007, a previsão é ainda mais sombria. “Estamos observando a economia internacional e vemos que o crescimento não será tão importante como em 2006. Portanto, o aumento do número de empregos deverá ser ainda mais tímido que nos anos anteriores”, avaliou um economista da entidade internacional.

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