Americana planeja investir R$ 876 milhões no país
Valor Econômico
A americana AES, controladora da holding Brasiliana , anunciou seus investimentos para 2007. Disposta a desembolsar R$ 651 milhões no país, a companhia, no entanto, poderá aumentar essa cifra para R$ 876 milhões ainda neste ano. Isso, porque a AES negocia a aquisição de três Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) junto ao grupo espanhol Guascor, gerador de energia em lugares isolados do Brasil por meio de 71 termelétricas.
Conforme o Valor antecipou em dezembro de 2006, a negociação envolvendo as três PCHs está acertada entre as companhias, mas depende ainda do aval de órgãos ambientais e também da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Localizadas no Estado do Rio de Janeiro, as centrais são capazes de gerar em conjunto 52 megawatts (MW). A estimativa é que tudo esteja acertado até o fim do primeiro semestre. A partir do seu início, a obra consumiria dois anos para ficar pronta.
Para viabilizar o negócio, a Brasiliana, que controla a maior distribuidora de energia da América Latina, a Eletropaulo, usará outra subsidiária, AES Tietê, dona de 10 usinas hidrelétricas espalhadas pelo interior paulista e que tem capacidade de gerar 2,65 mil MW de energia. A escolha da Tietê não surpreendeu o mercado, porque muitos analistas consideram que a Brasiliana usará essa subsidiária para expandir seu parque gerador.
"Temos já o compromisso de um banco privado brasileiro de emprestar ao redor de 70% desses investimentos. As condições desse financiamento, feito em 14 anos, obedeceriam juros básicos do BNDES mais um spread", explica Britaldo Soares, vice-presidente financeiro da Brasiliana.
Além da Tietê e da Eletropaulo, a Brasiliana, que tem por enquanto na sua estrutura acionária o braço de participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPAR), dono de 49,99% das ações ordinárias, também controla a térmica AES Uruguaiana, a comercializadora Infoenergy, as companhias de telecomunicações AES Com Rio de Janeiro e Eletropaulo Telecom. A distribuidora gaúcha AES Sul é controlada apenas pela AES.
Os investimentos já definidos de R$ 651 milhões estão divididos entre as subsidiárias. E nesta separação a Eletropaulo fica com a maior parte, R$ 366 milhões que serão usados para expansão, manutenção da rede, implantação de um programa de gestão de processos administrativos, entre outras iniciativas. Já a AES Sul abocanha R$ 145 milhões, enquanto a Tietê responde por R$ 75 milhões.
O BNDESPAR anunciou sua intenção de se desfazer dos papéis da Brasiliana. Como a modelagem não está pronta, ainda não se sabe se o banco venderá somente as ações preferenciais, as ordinárias ou o capital total, que se aproxima de 54%.
No entanto, uma coisa é certa, a americana AES tem direito de preferência. "Essa cláusula abrange todas as ações, mas o assunto está sendo conduzido pela nossa matriz nos Estados Unidos", conta Eduardo José Bernini, presidente da Brasiliana. Mesmo evitando tecer comentários sobre a decisão do BNDESPAR, o executivo revela que o acordo de acionistas ainda guarda algumas cláusulas de veto, mas não detalhou em que condições e tampouco em quais situações o veto poderia ser usado.
O mercado especula sobre o destino dos papéis do BNDESPAR. Há quem aponte a alternativa de pulverização na bolsa de valores como um dos destinos prováveis e outros duvidam que outro grupo compraria essa fatia, porque seria um grande desembolso para assumir a posição de minoritário.
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