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sexta-feira, 9 de março de 2007

Após grandes aquisições, Wal-Mart olha redes menores

Valor Econômico

Depois de realizar duas grandes aquisições no Brasil, o Wal-Mart está olhando para cadeias de supermercados regionais e não dispensa até mesmo as redes pequenas. "As grandes aquisições já ocorreram", afirma Vicente Trius, presidente no Brasil da varejista americana, que comprou o Bompreço, em 2004, e as lojas que pertenciam ao grupo português Sonae no fim de 2005. Nos dois negócios, a empresa desembolsou cerca de US$ 1 bilhão.

Tamanho, diz Trius, não é um fator importante na decisão de compra. "Não descartamos adquirir uma rede de 10 lojas apenas. Por que não?", diz o executivo. O que interessa, de fato, é o retorno do investimento, acrescenta. Ou seja, o preço. "Estamos abertos a aquisições desde que elas façam sentido".
No ano passado, com a compra do Sonae e a construção de 14 novas lojas, o Wal-Mart deixou de ser o terceiro colocado no Brasil e passou a disputar o segundo lugar no ranking com o Carrefour. Há grandes chances de que a varejista americana já tenha até mesmo ultrapassado sua rival francesa.
Trius ainda mantém em segredo o faturamento do Wal-Mart no Brasil em 2006, que só será divulgado em abril pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras). No entanto, uma fonte calcula que a varejista tenha registrado um crescimento de 7% nas vendas nas mesmas lojas existentes em 2005. Se confirmado o resultado, o faturamento do Wal-Mart no Brasil foi de R$ 12,5 bilhões em lojas comparáveis, sem considerar as 14 unidades abertas.

O Carrefour já divulgou na França que seu faturamento no Brasil foi de 4,6 bilhões de euros em 2006. Se convertidas por um câmbio médio de R$ 2,7 no ano passado, as vendas da rede francesa no país totalizariam R$ 12,6 bilhões. O grupo, porém, não divulgou oficialmente a sua receita em reais.
O Pão de Açúcar se mantém firme na liderança. A varejista fechou o ano de 2006 com vendas de R$ 16,5 bilhões. Portanto, para alcançar o Pão de Açúcar, o Wal-Mart precisaria comprar no mínimo quatro ou cinco redes de médio porte, com vendas entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão.
Fazem parte deste time o Zaffari, no Rio Grande do Sul, o Epa e o Bretas, em Minas Gerais, o Angeloni, em Santa Catarina, o Sonda (ver abaixo) e o Savegnago, uma das maiores redes do interior paulista. Mas muitas dessas cadeias médias, em vez de titubear frente aos grandes concorrentes, mostraram ser fortes competidores e não dão sinais de que serão vendidas. Outras, no entanto, estão mudando de mãos, como a rede Gimenes, do interior de São Paulo, que foi adquirida recentemente pelo fundo de investimentos Governança e Gestão, do ex-ministro Antônio Kandir.

Segundo analistas, a aquisição de redes de pequeno porte pode ser mais complicada para o Wal-Mart. Tanto o Carrefour como o Pão de Açúcar compraram várias empresas menores na segunda metade dos anos 90 e nem sempre elas foram bons negócios. No ano passado, o Carrefour fechou muitas das lojas adquiridas, reduzindo de 97 para 34 o número de supermercados da ex-rede Champion.

Trius não acredita que a aquisição de pequenas redes seja mais desafiadora. Tudo depende, diz ele, de como a integração é feita. Um dos aprendizados do Wal-Mart, por exemplo, foi manter as marcas do Bompreço, no NE, e Mercadorama e Nacional no Sul.

Segundo o consultor da A.T. Kearney, Markus Stricker, o Brasil é um país que exige expertise das varejistas globais. Justamente por isso, o país é um dos últimos colocados na lista dos mercados mais atraentes para investimentos estrangeiros no setor. Para competir aqui em pé de igualdade, muitas vezes a única alternativa é comprar um player local.

"O Brasil é um mercado onde existem muitas empresas que podem ser consideradas as melhores práticas em seus segmentos", diz o consultor. Ele coloca nesta lista a operação de internet Americanas-Submarino. "Não será fácil para a Amazon competir com um concorrente tão forte", diz Sticker.

O próprio Wal-Mart tentou construir suas lojas no Brasil até 2003 mas desistiu e partiu para aquisições. A varejista, porém, também está acelerando a expansão orgânica. Trius elevou de R$ 800 milhões para R$ 1 bilhão seu plano de investimentos em 2007. A maior parte dos desembolsos será feita no Nordeste, onde serão abertas 17 das 28 lojas previstas pelo grupo para este ano.

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